SONOLENTA

Hoje acordei bem cedinho, o sol já se espreguiçava no horizonte quando sai para a caminhada matinal.

No ar, o cheiro das flores silvestres e no decorrer do caminho as imagens peregrinas visitavam minha mente, lembro do viajante e dos sentimentos que até então estavam adormecidos.

O vento também me acompanhava pelo caminho, eu o percebia inquieto, bagunçava meu cabelo fazendo festa, queria que eu percebesse sua presença, impossível não perceber. Era como se ele quisesse me dizer: A vida é um constante ir e vir Asa Dourada, aproveite o momento da festa e voe.

Mas, não quis ouvi-lo e segui com meu olhar distante, cabelos ao vento e coração angustiante implorando colo, laço e abraço relembrando dos bons tempos em que me faziam companhia aqueles compassivos passos.

Veio então no olfato o cheiro do jasmim enquanto o olhar contemplava o sol iluminando os pássaros.

Um ponto de encontro, vi meus olhos brilhantes sobrevoando o sonho, enquanto inalava e apreciava os detalhes do jasmim delicadamente deitado ao lado do meu travesseiro. Silêncio ... um novo perfume emergia, chegava de mansinho o cheirinho do café coado na hora.

E assim pude perceber junto ao jasmim, a beleza do ato ir além do meu olhar, tocando de leve minha face sonolenta que despertava para algo naquele momento. Porém hoje percebo que o despertar foi momentâneo, é tarde demais...

Será que permaneço sonolenta?