Sobre a vida (mais uma vez)…

… é curioso pensar que nove meses antes do nascimento, todos os átomos que compõem nosso corpo estavam organizados em outras estruturas ou dispersos em outros lugares, fora de nós. Só depois daquele acontecimento, para nós, inexplicável, o qual chamamos sopro divino, é que surge o corpo que carrega nossa consciência, nessa realidade.

A vida parece escapar num piscar de olhos, principalmente quando olhamos para trás, do meio para perto do fim. E depois daquele mesmo sopro inicial nos abandonar, demorará só mais alguns poucos anos para todos os átomos que formam nosso corpo se dispersarem novamente em outras estruturas, e passearem em outros lugares. De forma resumida, esse é o ciclo da vida.

Pensar nesses termos, de extremos de início e fim, nos ajuda a fingir que ignorarmos o intervalo do meio, para nós, certamente a parte mais importante. A vida é esse presente misterioso, que por vezes confundimos com o mundo.

A vida é como água fresca quando a gente está morrendo de sede. Às vezes a água é doce, às vezes nem tanto, mas sempre, sempre satisfaz… Já o mundo, o mundo é só o recipiente que construímos para beber a vida; e o mundo que criamos dói na ausência da vida…

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Resgato este pensamento sempre quando não consigo lidar com a saudade e a tristeza da perda, de todas as pessoas queridas as quais já compartilhei experiências. É difícil viver no mundo sem elas.

À minha mãe, ao meu amigo, Gil…