APRENDENDO COM OS ERROS

Em todas as minhas palavras que até agora escrevi, das mais singelas até as mais complexas, das palavras que até agora trouxe, as dirigi para a importância em se focalizar as coisas belas da vida, e estas ofuscariam os momentos escuros de nosso cotidiano.

Hoje, porém, irei apresentar algo um pouco diferente que apreendi com uma poetisa, que, apesar de assim não se intitular, possui grandes palavras no seu coração, palavras estas que apenas dormem, aguardando o momento certo para acordar assim como o sol todas as manhãs, para iluminar tudo aquilo que toca...

Frise-se o quão importante é olharmos para aquilo que é bom e positivo, para que nosso coração caminhe alegre, se fixando nas virtudes e alegrias da vida e não naquilo que escorregamos, erramos e tropeçamos...(devemos olhar os dois, mas fixar-se somente na claridade, e não na escuridão).

No entanto, a natureza humana é bipartida, é um conjunto de acertos e erros, choros e risos, vigor e desânimo, clareza e escuridão, ying e yang...

Assim, por mais que fixemos nossos olhos nas belezas da vida nosso cotidiano será como em uma estrada: em partes existem belos campos e cachoeiras, em outras, rios poluídos e lixões.

Mas, admitamos que o Mundo, com seu Poder Organizador nos deu todas as coisas que aqui temos. Porque nos fora dado os lados “escuros” se não podemos olhá-los? Ressalto desde já que o “errado” não é o que devemos fixar nossos olhos, mas nem por isso devemos deixar de olhá-los. O segredo está no como e no por que olhamos nossos erros.

Primeiramente, o que de errado há exatamente no “erro”? Em verdade, nada. O erro é uma acerto em estágio embrionário, é o meio para que se conquiste o objetivo que almejamos desde o começo, e que o erro nos faz fazer um pit stop, para CORRIGIRMOS A DIREÇÃO e seguir no nosso objetivo.

Cumpre dizer que os mais sábios entendem o erro como algo essencial a nossa vida, e por isso não devemos desviar nossos olhos deles (os erros), antes devemos olhá-los, com um olhar sincero e pronto a descobrir onde exatamente está a solução, a resposta, o APRENDIZADO que teremos a partir deste erro.

O erro é uma etapa de todo acerto, é como se fosse um local onde devemos compreender aquilo que achamos ser certo para continuarmos a buscá-lo. Por isso, no erro é que se corrigem as direções, arrumam-se os rumos.

Com o erro você não vai apenas para frente, e se perguntarem você como chegar até o objetivo final você diria “segue em frente”. Evidentemente, antes, os tropeços nos fazem mais fortes, por que sabemos a razão porque buscar o caminho correto (para não tropeçar) e como fazer. O caminho correto não é uma linha reta, você deve construir pontes, estradas, túneis, e estar apto a encontrar desafios e quedas, mas sempre estar pronto a desafiar o próprio desafio, acreditar no erro como mais uma nova forma que você descobriu que não dava certo, e partir para uma nova forma, AGIR DIFERENTE, CORRIGIR A DIREÇÃO.

Inevitavelmente somente aqueles que erram podem descobrir a importância e como acontece o “acerto”. Não acontece por mágica, e os tropeços, bem olhados e examinados nos ensinam a descobrir os segredos do caminho que realmente é o correto.

Por isso, devemos sempre fazer como um bom jardineiro, descobrindo a beleza de uma flor apenas olhando suas raízes.

Pablo Neruda aponta também um sábio ensinamento àqueles que buscam não se afastar de seus erros e tropeços pela fuga, mas pela compreensão, os transformando em belas conquistas, ou seja, simplificando o complicado, dando luz ao que era escuro, transformando a lágrima em sorriso. Mas, voltado ao grande poeta, vejamos o que ele a todos nos ensina:

“Se cada dia cai,

dentro de cada noite,

há um poço

onde a claridade está presa.

Há que sentar-se na beira

do poço da sombra

e pescar luz caída

com paciência"

Não podemos fugir dos medos, erros e fracassos, devemos, antes, “sentar-nos”: que atitude singela! Sentar-se...somente com o olhar simples como o de uma criança que poderemos tornar simples aquilo que nos incomoda e angustia.

Depois, com os instrumentos que temos, com nossa inteligência, com nossa personalidade, nosso caráter, ou como disse o poeta: com um anzol, para “pescar a luz caída”, ou seja, de todas as ferramentas que temos, as mais simples, aquelas que compõe a nossa alma é a que nos darão as respostas mais corretas. Um pescador possui um olhar tranqüilo e manso, não se conturbando com aquilo que está ao redor, antes fazendo o máximo de silêncio para não espantar o peixe, para prestar atenção em todos os detalhes: o vento, a maré, a isca, as sombras dos peixes na água, seus movimentos alterando o ritmo das ondas...

Por fim, não se consegue descobrir uma flor pela sua raiz com um olhar rude, famigerado, preocupado e ansioso, mas “com paciência”, que, das definições dos dicionários se pode concluir ser a “virtude de quem suporta males e incômodos sem queixumes nem revolta”.

Suportar coisas que não são tão boas, com um sorriso, é atitude de alguém que antes de revoltar-se compreendeu que com cada coisa aparentemente denominada como “situação-problema” se pode apreender muito, e nela se esconde grandes belezas, basta olharmos com simplicidade e pescar aquilo que buscamos, com paciência.

O erro como etapa necessária para os grandes desafios e aprendizados é lógica. Quanto maiores desafios, maiores serão os erros (quantitativamente e qualitativamente) podendo por vezes desencorajar-nos a seguir: “como seguirei, depois de ter feito isto?”. Ora, olhando para isto (o “negativo”), e dele colher todos os aprendizados necessários, ou tentar resolver aquilo que é aparentemente sem solução trocando o “eu não consigo, afinal isto é im-possível”, para algo belo e virtuoso, pois serás lembrado por construir a ponte entre a escuridão e a claridade, entre a neblina e a total visibilidade, e alguns dirão: “é, realmente não era tão difícil, até eu poderia ter feito”. Com certeza a pessoa que falasse isto poderia fazer se estivesse igualmente disposta a errar e não abaixar sua cabeça diante de tropeços que fariam muitos desistir.

O desistir é um ato daqueles que não conseguiram entender exatamente como funciona um erro ou um fracasso, não entenderam que sua função é de nos encorajar a seguir, manter mais firme nossos passos em nossos propósitos, nossos olhos nos jardins mais belos que desejamos encontrar, e por isso não temendo florestas escuras (frise-se outra importância dos momentos ditos “escuros”, aprendemos a gostar e buscar com mais vigor a “luz”, “pois afinal não quero ficar na escuridão, se posso buscar a luz”), ressalte-se a necessidade de um uma nova forma de caminhar, AGIR DIFERENTE, CORRIGIR A DIREÇÃO, e descobrir o PODER que possui dentro de si para fazer dos erros, grandes amigos do acerto).

Pode ser o caminho difícil, mas maior segurança existe no caminho para os que buscam a claridade do que ficar sentado em uma abertura no meio da floresta escura e densa. Ademais, você sentado esperando está sem algo que todos aqueles que buscam tem em seus caminhos, e o que faz a diferença: A PERPECTIVA DE ALGO MELHOR!

O erro é parte do acerto, repiso, por isso é que desejo que erres e muitas vezes, por que assim terei certeza que teus caminhos têm grandes desafios e grandes vitórias aguardando aquele que PERSEVERAR. Quanto mais errares, lembres da poesia de Neruda, abras um sorriso, ria de seus tropeços, e esteja sempre entusiasmado a RECOMEÇAR, dar o primeiro passo, quantas vezes for necessário.

A grande sacada está em COMO E PORQUE olhar as pedras que estão em nosso caminho. Olho porque quero descobrir o que tem de belo nela, tenho certeza que existe o belo escodido em algum lugar por aqui, e pescarei tal com paciência, mas não desistirei de aprender. E o olhar deve ser como de uma criança, simples e doce, sem complicações, um olhar SIMPLIFICADOR, doce, e manso, entendendo que o “erro” não está ali para nos derrubar, antes para nos ensinar a levantar e caminhar com maior vigor, entendendo a importância dos caminhos sem tropeços e buscando não mais tropeçar.

Por fim, experimentar o erro e o acerto, o positivo e o negativo em nossas vidas é inevitável, e próprio da Humanidade. No entanto nos é dado experimentar os dois lados para que possamos escolher por qual deles lutaremos, sorriremos, caminharemos, enfim VIVEREMOS. O maior objetivo de nos ser apresentado o ying e o yang é nos fazer ESCOLHER, e decidir qual deles queremos, e por mais que pareça óbvio, muitos persistem a remoer os erros e tropeços tendo como colega de quarto tudo o que é mais negativo possível no mundo. E ainda diz: “não sou feliz, estou repleto de fracassos, porque?!”, Se ele olhasse os fracassos com um olhar vencedor, um olhar TRANSFORMADOR, iria compreender o PODER que possui dentro de si para fazer dos erros um ALIADO para se ficar mais forte e para alcançar de forma mais vicejosa a vitória.

Devemos entender que os erros estão aí, a espera para que os cometamos, mas que não fiquemos paralizados neles, antes tiremos todos os ensinamentos possíveis deles, o máximo de cada um deles, e passemos para um novo estágio, é a EVOLUÇÃO daqueles que não relutam contra os erros, mas usam eles para se tornarem mais fortes.

Chesman Emerim
Enviado por Chesman Emerim em 11/01/2008
Reeditado em 12/01/2008
Código do texto: T813011