MOMENTOS AMNÉSICOS

MOMENTOS AMNÉSICOS

Maurilio Sampaio Carvalho

Salgueiro, 01/05/2007.

Não consigo definir qual a diferença entre esquecimento e perda da lembrança.

Será que sou uma pessoa esquecida, ou sou um ser de memória fraca?

Ou será que esqueço em vez de me lembrar das coisas?

Às vezes não sei se o hoje é ontem ou o amanhã é hoje.

Confundo se o “amanhã na China é o hoje no Brasil, ou vice versa”.

Não sei mais se o dia 1º de maio é o dia do trabalhador, ou se o trabalho foi inventado no dia 1º de maio.

Fico imaginando se sofro de idiotia, ou se esse estado de ser é normal.

Não sei se tenho momentos de languidez, ou de amnésia.

Pra mim tudo é igual, ou desigual? Não consigo ver a diferença entre uma coisa e outra.

É comum ir à cidade de automóvel e na volta não recordar onde estacionei o carro, ou se nele fui.

Às vezes, ao tirar uma madorna após o almoço, ao acordar não sei se é hoje, ontem ou amanha.

Reiteradas vezes tenho esquecido os nomes de alguns amigos mais chegados, até mesmo de familiares íntimos; de comparecer a compromissos inadiáveis assumidos; até de tomar o café da manhã.

Por incontáveis vezes tenho perdido os óculos de grau, com eles no rosto e o celular, com ele colado ao ouvido.

Graças a Deus, ainda não esqueci que sou do sexo masculino e que sou dotado de um órgão genital que serve para atender as minhas necessidades fisiológicas.

Às vezes estou no sanitário e não tenho convicção do porquê de me encontrar naquele ambiente. Se ali estou para atender determinada necessidade fisiológica, ou se estou num templo destinado ao culto a Deus, pois é costume aproveitar o momento para fazer uma varredura mental e uma prece a Deus.

Só não esqueci que o viagra é um estimulante sexual, só não me lembro, ao tomá-lo, para que serve.

Quando não mais me lembrar do nome de Deus, do meu pai, da minha mãe, da minha querida esposa Silene, dos meus seis filhos, dos meus doze netos, da minha bisneta, dos meus queridos irmãos consangüíneos ( encarnados e desencarnados), dos meus tios, primos e sobrinhos e dos meus amigos, não ignorem, saibam que estacionei definitivamente no tempo e no espaço, e me encontro na estação esperando apenas a hora de pegar o trem de volta, pois está bem próxima a hora do retorno com destino a outra pátria espiritual.

Mas, será que vou me lembrar de comprar a passagem e embarcar neste trem?

Onde fica a estação?

A que horas o trem parte?

Deus queira que eu esqueça de todos estes pequenos detalhes.

Verseiro
Enviado por Verseiro em 15/01/2008
Código do texto: T817893