Caixinha de Música.
Um sobressalto na madrugada. Medo do escuro?
Passos...não, é só a torneira da cozinha. Tuc. Tuc.
Nunca pára.
Amanhece. O som das gotas, de fundo; Sonhos intranquilos.
Desperte, desperte.
Desperto.
Mesmo? Continua...non-sense.
Cirsense. Um espetáculo de improvisos, regado à vinho e carência.
Tuc. Não fecha. Você tenta, ela abre de novo.
Sua pequena caixa de Pandora. Ao som de Beethoven, com bailarina e tudo. Feche, garoto, feche.
Eu danço. Ela gira. Eu penso e ela gira. Eu quero parar e ela gira, gira...Eu desmaio, ela sorri.
Eu acordo, de novo. Ao som das gotas da chuva de verão.
Com frio. Eu saio, rumo às poças, e vejo reflexos surrealistas, eu vejo ponteiros que giram sem sentido. Eu vejo o norte, mas não existe direção, só o vento e seu sussurro.
Eu vejo cenas repetidas com poucas cores. Um arco-íris meio descolorido, e as nossas canções fazendo arder meus ouvidos e todo o resto.
Então, quando amanhece, eu durmo. E acordo.
No escuro, ao som insistente das gotas...