ABANDONO INTERIOR
Havia um velhinho que andava pelas estradas carregando um jovem nas costas. Passando por eles, um homem disse ao jovem: você não se envergonha de deixar que este senhor te carregue? O jovem, então, segura suas pernas e mostra ao homem que era um aleijado. Envergonhado, o homem fixa o olhar no velhinho e vê que era um cego. O velho era as pernas do moço. E o moço era os olhos do velho.
Abandono lembra desamparo. Quando nos sentimos desamparados, dizemos que estamos abandonados. Abandonamos e somos abandonados por causa da arrogância, orgulho e tantos outros motivos.
Lucas, em seu texto do Evangelho, apresenta uma forma de abandono ensinada por Jesus. Diz o seguinte: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a cada a sua cruz e me siga” (Lc 9, 23). RENUNCIE A SI MESMO, NEGUE-SE! Parece estranho pedir a alguém: Negue-se a si mesmo!
Abandonar é também renúncia, negação. Negar-se é dizer não ao egoísmo que tenta nos colocar acima de todos, é dizer não e se libertar do poder escravizador do egoísmo.
TOME A SUA CRUZ. Assumir a cruz é abraçar o projeto de Deus na nossa vida. Abandonar é também abraçar um projeto. É assumir que somos capazes de seguir com o projeto sem o egoísmo.
SIGA-ME. Jesus convida a segui-Lo a cada dia, confiando no seu ensinamento. Abandonar é um ato de entrega, doação. Seguir Jesus é aceitar o convite de entregar-se a Ele, confiantes e conscientes da certeza e ser o caminho certo.
No sermão da montanha (Mt 5) Jesus fala do abandono interior: “Bem aventurados os pobres em espírito” (Mt 5, 3). O pobre em espírito é aquele que não é orgulhoso. É quem se reconhece dependente de Deus e sabe que sem Ele está vazio, perdido, confuso. O pobre em espírito se abandona em Deus.
Quem se abandona em Deus, se deixa guiar pelo Espírito Santo. E guiado pelo Espírito Santo não possui mais uma linguagem fria. Possui, agora, uma linguagem quente, que aquece, se alastra, aconchega, toca e penetra a alma.
Nosso abandono interior é entrega a Deus, confiantes e certos da presença divina. É como o jovem e o velho, um se abandonou ao outro e puderam caminhar, vendo a estrada com segurança.
ABANDONAR-SE EM DEUS É A NOSSA SEGURANÇA.