A VOZ DO SILÊNCIO

“A Oração, que é encontro, intimidade, comunhão, brota necessariamente da leitura da Bíblia, pois esta é um livro vivo e coloca em contato direto com o Vivente, com quem comunica a vida, aquela que não vai de encontro à morte, mas é caminho aberto para a plenitude, para a imortalidade” (BERARDINO, Frei Pedro P., A Lectio Divina).

Neste sentido, nos é sugerido transmutar o verbo e a ação de ler em escutar. Não ler a Palavra de Deus, mas escutar Deus através da sua Palavra. Essa forma de oração, que é envolvida pelo silêncio, nós aprendemos a cada dia, e o Espírito Santo é nosso único mestre.

Existe uma canção que diz: “É no silêncio que teu Deus te fala, são tantas coisas que ele tem pra te dizer; mas só escuta quem se cala no desejo da Palavra acolher. São coisas belas de se escutar, pois todas elas falam de amar; e se aprenderes o que ele diz, terás a paz, serás feliz!”

Tantas vezes somos abordados pela situação do dia-a-dia que nos leva a gritar para o mundo que estamos aqui e não queremos ser ignorados. Temos necessidade de chamar a atenção para nossa presença, e não nos preocupamos com a maioria das coisas que acontecem ao nosso redor. Quanta gente sofrendo por discriminação, fome, sede, frio, calúnias, difamações e tantos outros motivos, e nós não vemos.

Da mesma forma que os discípulos de Emaús estavam, nós nos encontramos surdos à realidade e à voz de Deus. Só falamos e não ouvimos. Deus fala e não escutamos. Falta-nos o silêncio interior. Parece que estamos surdos à voz de Deus.

Até quando ficaremos nesta situação?

Quando falta um sentido numa pessoa, muitos outros se aguçam. Qual sentido em nós está mais aguçado? A visão, o olfato, o tato ou o paladar? Com qual deles podemos perceber a presença de Deus que fala e nós não ouvimos? Qual deles nos leva à intimidade com Deus no coração? Como traçamos o nosso itinerário rumo a Deus?

O nosso cotidiano nos coloca frente aos nossos próprios interesses, fazendo com que a voz suave de Deus fique abafada.

Precisamos cuidar para que o trabalho, a escola, a casa, enfim, os nossos afazeres não nos escravize. Não podemos ser escravos do tempo, deixando que isso nos afaste de Deus, dos amigos, dos momentos prazerosos com os amigos. Cuidado com a televisão, com o computador; não podemos ser dominados por eles. Eles nos afastam de Deus, mesmo quando o anunciam. Deixamos de dar atenção a uma pessoa porque precisamos olhar para a televisão, precisamos teclar o computador.

As famílias antigamente eram mais felizes, dialogavam mais, conversavam com os vizinhos, eram, repito, mais felizes. Conversavam, cantavam, contavam histórias, riam e sorriam. Mas, não tinham o computador nem a televisão. Hoje não existem mais visitas! Tinham mais Deus e mais de Deus.

É perceptível que Deus tem falado conosco, entretanto, não escutamos.

Pedimos a Deus soluções para as barreiras da nossa vida. pedimos, suplicamos, imploramos e reclamamos a demora de Deus. Não sabemos silenciar, calar para ouvir o que Deus tem a dizer.

Qual sentido em nós está aguçado? Nosso coração não arde na presença de Deus? Então, não percebemos Deus? Onde ele está? Santo Agostinho de Hipona procurou Deus na ciência, dentro das teorias, e o encontrou no coração. Deus é próximo de nós.

Vamos escutar a voz do silêncio. E nele vamos encontrar Deus. Ouvir a voz de Deus. Sentir a presença de Deus.

“Agora é silêncio na Terra e no Céu...Silêncio que canta louvores a Deus”

Ao final desta meditação, peçamos ao Santo Espírito de Deus que nos dê a sabedoria de orar no silêncio, na ação da escuta orante da Palavra de Deus.

Vinde, Espírito Santo, e nos inunde da presença Sagrada de Deus.

Vinde, Santo Espírito, e nos impulsione para o encontro com Deus.

Vinde, Espírito Paráclito, e nos ensine a ouvir e encontrar Deus nos irmãos e em toda a obra criada.

Ensina-nos Maria, Mãe de Jesus e grande companheira dos apóstolos, a perseverar na fé e silenciar para acolher Deus e anunciá-lo no momento oportuno.

Vem, Senhor Jesus!

Nos recolhamos em oração. No silêncio orante, ouçamos a voz de Deus.

Toninho Miguel
Enviado por Toninho Miguel em 24/01/2008
Código do texto: T831421
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