MEDIOCRIDADE.

- Não faltava mais...

Não dá para não criticar a culminância asquerosa da mediocridade!

A onde se chegou, já não se respeita mais os méritos!

É toda gente querendo Ser.

Caro Poeta, e tu o que tens a dizer?

- Poeta, eu... Tu o dizes.

Eu que por certo não passo de um escrevinhador.

Que posso, em sã consciência falar, se nem mesmo me reconheço!

Medianeiro, de sentimentos que por vezes eu próprio desconheço, ensimesmado.

Há tempo a me perguntar:

Quem eu sou?

E àqueles com quem ando...?

Mas, só, somente, só um turbilhão de interrogação pulula ao me redor.

E eu ainda sem saber

Quem eu sou, de onde vim e pra onde vou...?

Traquinos os tais sentimentos se alternam no meu pensamento.

Muitos -, medo, paixão, alegria, tristeza, vaidade, cólera, ardor, pudor, amor... Muito mais, que os acanhados sete pecados.

Entre esses, tantos, que não se esqueça os centrismos.

Na mais completa excitação deixo-me à arte.

Então aí descubro que eu posso ser bem-feitor ou mísero violador.

Nela de Imperador me visto e desnudo-me num simplório translinear.

Aí dou cambalhotas, me fantasio, faço rir e até mesmo chorar.

Esclareço, confundo-me, paro, progresso, retroajo, evangelizo.

Mato e morro! Redivivo, sou livre, salvador, retrogrado, louco,

Sou infante, rei, mulher, anjo, monstro, demônio, visionário...

Um solitário sonhador.

Na arte rastejo, contudo, ao infinito sem alas consigo chegar.

Poeta eu...?!

Creio que nada mais eu seja que um medíocre aprendiz da Vida.

Apenas um vulgo na arte e pela Arte aprendendo a pensar.

E, tu quem és?