Paredes...

Fique mais um pouco, aqui, à meia-luz

Deixa eu ver teu rosto, assim, bem de pertinho

Tantas coisas escondidas nos vãos da tua face

Quantos sentimentos escondidos, difusos, intensos

Não sei na verdade quem você é

E por mais que tente buscar a resposta

Só consigo perguntas

Algumas vagas, outras nem tanto

Mas sempre incógnitas, como ruas sem saída

Estranha imagem contra a luz

Refletindo você, como uma sombra na parede

Estranho vão no meio do tijolo

Onde passam raízes simbólicas

De um emaranhado difuso e frio,

Onde olho lá dentro e não me vejo...

Estranho pesar de uma quase-morte

Como é que pode ser isso,

Uma ausência estando perto

Dois estranhos num quarto escuro.

É isso que somos... dois estranhos perdidos

Num mundo sem palavras,

O mundo da parede sem cor.

E se essa parede que nos separa

For a mesma que antes nos juntou

Onde está a distância, será que ela existe?

Ou será que foi criada, alimentada, levantada...

Como a massa que faz o cimento e dá forma

Aos vãos frios e estranhos que vão se formando

E depois não se sabe o que fazer com esses vãos,

Se ficam, se vão, se já fazem parte da história

As paredes frias e espessas da

Indiferença, do silêncio e da dor

Paredes sem dó, estranhas figuras

Paredes que estão lá, imóveis, vãs

Parece que choram por nós, pelo nosso amor

Paredes que choram...

cibele aguiar
Enviado por cibele aguiar em 25/02/2008
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