Assim que eu quero

Quando eu erguer os braços, haverá de ser para abençoar;

Quando eu erguer minha voz, haverá de ser para defender,

Proclamar ou conclamar;

Se eu colocar a cabeça para fora do carro, há de ser para dizer

'Olá, como vai?'

Se eu mandar um e-mail, quero que seja educado e de paz.

Se eu não for, é porque era melhor ficar

E estancar toda dor.

Se acontecer de molhar, vou esperar secar,

Se só acontecer, melhor que seja agora ou antes.

Se vazar, vou tentar encher de novo,

Cuidando então para tapar toda fresta ou ouvido despreparado.

Se me acusarem, que seja de parecer-me feliz,

Se me nomearem, que seja então um nome fácil

Para todos guardarem e nem precisarem de agenda.

Ao transeunte perplexo vou dar todo o tempo:

Poderia ser meu amigo, meu pai ou conhecido deles.

Ao preso, ai, com esse, misericórdia! Poderia ser eu a sofrer

Injustiça, descaso, falta de ar, de espaço, de colchão, coberta,

De voz, vez ou mesmo ventilador. Que dor só de pensar!

Mas então, Senhor, dai-me paciência e preparo,

Porque eu vi o Vosso exemplo, mas, na hora, Senhor, esqueço

Quase tudo e sou ainda por demais desastrada!

Neusa Storti Guerra Jacintho
Enviado por Neusa Storti Guerra Jacintho em 27/02/2008
Reeditado em 28/11/2009
Código do texto: T878187
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.