O tempo é implacável, não deixa esquecer que as coisas passam, ai!
E aquelas coisas que a gente quer que dure pra sempre? O primeiro salto-alto, o primeiro beijo, a primeira transa, o primeiro filho. O primeiro marido?! Este se bobear a gente leva tempo para esquecer, principalmente quando há filhos e uma pensão pra tratar.
O tempo vai-e-vem, num desenrolar louco, basta parar um pouquinho, e pronto, tudo vai ficando pra trás e azar o teu se não souber viver, se não souber curtir e capturar a beleza destes momentos, vai pro espaço, sem dó.
Ao mesmo tempo, falando em tempo,  ele ajuda com coisas que a gente não quer nem lembrar, suaviza dores, porradas da vida que não tem como não levar, ou aquelas que a gente pede. 
Pais, amigos, conhecidos, que partem pra outros lugares e,  também, para o infinito. Pessoas, coisas, pedaços que vamos deixando pelo caminho, perdas, derrotas, que batem duro, e quando,  sem querer,  lembramos, mesmo voltando a viver,  são mais amenas, viram coisas do ontem.
Julgo que tenho sorte de ser poeta.
Posso viajar nos meus mundos internos usando uma lente que amplia o que vivi, e neste momento único, só meu, é quando passo uma peneira e deixo de lado o que não incomoda e cutuco a dor. 
Assim, quando o poema se forma e  letras caem na tela do meu computador, deixo ali um pouco de mim, arranco o que sangrava até a última fibra e viro as páginas das  tristezas, ânsias e mistérios construídos dentro do meu eu e adquiridos com o tempo.
Graças por ser poeta! É o que me permite um olhar melhor sobre o tempo que deixei pra trás, posso viver mais em paz o meu presente e prosseguir minha viagem com uma carga mais leve.
Soninha Porto Flor
Enviado por Soninha Porto Flor em 03/03/2008
Reeditado em 11/05/2020
Código do texto: T884883
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