Amor

Sobre a complexidade das coisas simples

Fulano ama beltrana. Sim, um homem ama uma mulher. Nada mais simples. Nada mais certo. Mas nada balança tanto nosso mundo quanto isso.

Será que ela o ama de volta? Os sinais que ela dá certamente seriam capazes de responder esta pergunta, podem afirmar. Ah, os sinais... Idioma estrangeiro para o coração em busca de uma resposta. Como saber se ela o trata de forma diferente? Se sua disposição em passar horas e horas conversando com ele são simplesmente seu jeito ou alguma forma de demonstrar algum interesse? Nesse jogo de sinais, aqueles que acreditamos ser realmente óbvios são os que geralmente passam desapercebidos.

Será que ele vai conseguir conquistá-la? Como ela saberá também que ele está interessado? Em nossa sociedade, o rumo normal das coisas diz que o homem deve tomar a iniciativa. Esta concepção produz dois sintomas. Gera uma certa "síndrome de franco-atirador", em que não se importa qual delas vai ceder, o que importa é ter alguém que ceda. Isto cria uma barreira natural, aquela perguntinha que não foge da cabeça, mesmo que fique escondidinha num canto escuro: "Ele realmente gosta de mim?" O outro problema tem a ver com auto-estima. Quantas vezes um coração resiste ser rejeitado? Isto faz com que ele crie diversos mecanismos de defesa, tanto nele quanto nela, que, a cada dia, tornam mais difícil a iniciativa e a entrega.

Será que vão dar certo? Com certeza nada mundo separa dois corações apaixonados, já dizia uma canção que não lembro muito bem qual. Mas vamos além disso, pois devemos ter em mente que o amor é um meio, e não um fim. Serve para unir duas pessoas que terão uma existência melhor ao caminharem juntos, ao compartilharem sonhos e desilusões, ao construirem uma vida diferente à partir de um ponto (quantos pontos haverão em sua história, isto depende, em grande parte, só de você).

Não estou desenganado com o amor, muito pelo contrário. A cada dia percebo mais e mais o quanto é parte intríseca de todos nós. E quanto nos consome. E como é difícil a vida sem ele.