POEMA ÚTIL

(22/11/05)

Perdi o sono, não por insônia, mas pela ânsia de produzir. Meu corpo está exausto, a mente, inspirada. Nada mais importa além de idéias e palavras... O que mais esgota minhas forças não é o esforço físico ou mental, mas a pressão sobre mim colocada. Cansei de fazer somente a vontade dos outros e, principalmente, de ter que ser agradável o tempo todo... tudo isso já não faz sentido. Chega de mentiras! Encaro a verdade de frente, por pior que ela seja. Prefiro fazer isso do que olhar no espelho e enxergar não a mim, mas o reflexo daquilo que as outras pessoas esperam que eu seja.

Não me importo em ser criticada, mas odeio ser julgada e menosprezada por pessoas que não sabem avaliar minhas qualidades interiores, pessoas que não possuem valores próprios e vivem segundo as normas da coletividade. Irrito-me ao ser considerada comum, igual aos demais. Não me julgo pior nem melhor do que os outros, apenas não quero pertencer à massa dos desinformados, sem perspectivas, sem sonhos. Sou diferente da maioria por enquadrar-me em um pequeno grupo que consegue analisar o mundo de forma crítica. Sei expor o que penso, colocar pra fora tudo que fica entalado em minha garganta... e por mais que eu perca tudo, esse dom ninguém me tira.

Mas o que acontece quando começamos a agir por conta própria, fugindo dos padrões convencionais? Somos considerados anormais, problemáticos, loucos! É por causa do preconceito, da opressão e da censura que muitos se calam, deixando de dar suas contribuições ao mundo.