Compaixão

Hoje acordei muda, anestesiada. Preciso de uma dose de alegria para compensar as muitas doses de decepção pelas quais fui obrigada a me embriagar a noite passada.

Passei horas procurando aquele sentimento

Qual mesmo o nome

É algo parecido com esse tal de amor que ouvia nas historias de minha mãe antes de dormir.

Você lembra

A palavra esta em minha boca, mais não consegue sair.

Parece com algo que foi falado por um homem crucificado a uns dois mil anos atrás. Algo que deveríamos sentir uns pelos outros.

Ah! Mais o que importa seu nome, não o encontrei em lugar algum mesmo. Seria mais fácil se tivesse alguma referencia deste extinto sentimento.

Porque será que ele foi embora

Você sabe

Será que fugiu

Devo sentir pena dele que fugiu ou de nós que restamos

Ah! Esquece, deixa pra lá, não consegui lembrar.

Pra que perder tempo me preocupando se ninguém mais se preocupa. Por todo lugar que olho vejo pessoas encostadas no muro de braços cruzados, com a cara amarrada, olhos fechados, língua cortada e ouvidos destruídos por tanto barulho.

O que aconteceu com aquele mundo, aquele das histórias de minha mãe. Não consigo imaginar que esses zumbis de hoje eram uma humanidade a poucos minutos atrás.

Talvez nos falte um pouco mais de paixão pela vida.

A vida sem paixão parece não valer a pena.

Temos que viver a vida com paixão.

Com paixão

Meu Deus!

Deus

É isso, a palavra que me faltava.

Aquele sentimento perdido: Compaixão.

Aquele que nos fazia ser humanos.

Compaixão...

Será que agora vai ser mais fácil encontra-lo. Agora que sei seu nome posso ao menos gritar por ele.

Será que irá me ouvir, me atender

Você sabe

Eu não sei.

Beatriz Borghesi
Enviado por Beatriz Borghesi em 21/04/2008
Código do texto: T955060
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