O CEGO

Vi pela janela do ônibus um homem aparentando ter uns quarenta anos. Ele olhava pra baixo numa via movimentada e aguardava o sinal de trânsito fechar. Ao seu lado um garoto aparentando ter uns dez anos de idade, o homem segurava firmemente a sua mão. Imaginei porque ele segurava assim a criança, já um rapaz...

Quando o homem levantou sua cabeça, senti que estava um pouco aflito, e eu curiosa, olhei para o menino. Momento sublime de minha vida... Não era o homem que segurava o menino, mas sim o menino que cuidava com carinho daquele homem, a aflição não era de quem não vê e sim de quem sente.

Não reparei nos óculos escuros daquele homem, pois em dia ensolarado, seria normal... Mas reparei nos olhos daquele menino um ar de tristeza, e não vi nele a alegria de um rapaz de sua idade. Eu estava sendo maternal, refleti...

O sinal abriu e como numa passarela, desfilaram em meus pensamentos, o menino guiava, talvez o seu pai... Ele era os olhos daquele homem... Quanta responsabilidade para aquela criança, entendi que as dores que vi nos seus olhos, eram de amor...

Exemplo de amor sem limites.