Deus existe?

Tenho certeza de que a maioria das pessoas que percorreram os olhos por esse texto, leram-no por sentir no fundo do seu ser uma fisgada sabe-se lá daonde. É natural que isso ocorra, afinal perguntar: "Deus existe?" tem um peso psicológico muito grande dentro da mentalidade das pessoas do mundo de hoje. Hoje, em tempos tão estranhos, tempos de parricídios e sofismas fúteis, a sociedade que gaba-se de sua "bagagem histórica" se contradiz no seio de sua própria natureza.

Portanto, apesar de admitir que eu mesmo às vezes sou tendencioso, sou parcial demais, e muitas vezes, penso ter respostas pra perguntas que ninguém tem, eu sei que jamais poderei ter a dita prova da existência de Deus. Mas calma, não insinuei nada ainda. Compreendo que vêm à mente de muitos: " Lá vem mais um ignorante, um orgulhoso que se acha dono da existência". Calma, não se trata disso. Esse texto não tem o intuito de criticar nem de dar respostas ou soluções pro drama humano. Também, do mesmo modo, não estou aqui pra julgar a postura agnóstica, ou atéia, ou cética, não, não é isso. Eu uso esse espaço pra fruto de mera reflexão, e diga-se de passagem, uma reflexão pouco original.

Obviamente que eu não tenho a resposta pra pergunta que dá o título a esse texto. Muitos leitores podem dizer que a detém consigo, mas o ponto principal não é esse, mas sim o de provocar o psiquismo dos amigos que frequentam o site, afinal, todos um dia já se perguntaram, ou já fraquejaram diante de tamanha grandeza e profundida da questão "Deus e Homem". É muito delicada e incômoda essa questão. Descartes, Sartre, Hume, Kant, Hegel, Camus, Freud, Rousseau, Jung, Nietzsche, Kierkegaard, Tomás de Aquino, Espinoza, Berkeley, Shopenhauer, Marx, Foucault, enfim, todas as grandes teorias e correntes filosóficas e seus respectivos representantes tentaram subjetivamente responder a essa pergunta. Agora, quem sou eu pra responder não é?

Não me defino como agnóstico, nem cético, nem ateu, mas talvez apesar de todos os elementos psíquicos que compõem minha mente e consciência trilharem um caminho, um fim certo, admito que não é 100% de mim que tem essa Certeza. Alguns podem dizer que é um distúrbio ou um empecilho do excesso de estudo, da sede por saber e da nessecidade de um porto seguro por de trás do meu frágil ser que se choca com tamanho grau de informações. É possível. Vale também fazer a ressalva com relação à alguns textos meus publicados que dão um tom bastante tendencioso e parcial, mas assim os faço para instigar a reflexão, a crítica dos leitores.

Poderia escrever linhas infinitas e não chegaria a lugar algum, essa é a ironia desse texto. Deus existe? Vamos tentar refletir sobre o assunto.

Se Deus realmente existe é inadimissível que Ele esteja submisso ou sujeito à própria criação, é logicamente impossível. Dizer que Ele determina meu dia, que Ele faz chover,que Ele faz com que eu morra num acidente, imagino que seja um erro. Imagino que Ele esteja fora do campo de ação de sua criação, mas que ainda sim, de um jeito inteligível, Ele esteja na natureza de cada coisa ou ser que criou. Se Ele criou a beleza e seu conceito, Ele não pode ser belo. Se Ele criou a bondade e a maldade, Ele não pode ser nem bom nem mau. Mas de algum modo creio esteja presente em ambos. Não acredito na natureza parcial de Deus, Ele sendo o representante maior da bondade ou da maldade. Aí, podem vir alguns e dizer: " Ah, mas o 'bem' me deixa feliz e o 'mal' não, logo, se a felicidade é a finalidade última da existência, esse deus seria um deus de palha". Concordo com esse raciocínio em partes. Concordo que Deus seja amor. Mas não bondade, já que são conceitos diferentes. Amor é um Ser, a Bondade um signo relativo. O Amor existe por si só, nós apenas o sentimos e compartilhamos de sua essência, impregnada na sua existência inteligível, imaterial. Alguém poderá um dia negar o amor, mas jamais tirar esse Amor de sua natureza humana. Já o Mal, é de origem natural do ser humano, assim como o Bem. Estes são os irmãos siameses antagônicos, o diabo e deus. Já o Amor não, não é o Bem, apesar de o Bem estar dentro do Amor. Mas e o ódio? Podem perguntar. Pois bem.

O Ódio não existe por si só como o Amor, mas ganha força e existência a partir da existência do ser humano. Ah, mas isso está completamente errado, podem pensar. Mas vejam bem: O ódio não corresponde à natureza do homem como o Amor, este na verdade, o repudia. Prestem atenção, a NATUREZA. Não o gênero humano, ou a alma humana, ou a consciência humana, nenhum desses, mas a natureza humana. Por isso, Deus é Amor, e Ele tanto "É" como "Está", assim como o Amor, que É, tem existência própria e está dento de nós. Por isso, se o Amor é possível, Deus é possível, e se nós sentimos o Amor, sentimos a Deus. O que não quer dizer que Deus seja somente Amor. Mas é desse jeito que Ele se apresenta na existência do Homem. Afinal Deus É e Está, Ele está fora e dentro da própria criação, mas jamais submetido a quaisquer efeitos dela. Aí, vem um e diz: "Ah, mas se Ele está dentro de mim, está submetido a mim". Errado, não está. Ele se aloja na nossa natureza pois é o criador, mas não se submete, pois nosso campo de ação não chega às origens de nossa complexa existência. Basicamente essa é uma teoria ainda em processo de construção, mas que compartilho com os companheiros de recanto. Confesso que me sinto até envergonhado e estúpido ao propor alguma teoria que diga respeito a um assunto tão complexo, complexo mesmo. Mas deixo aí, como fruto de mera reflexão. Obrigado, e não me poupem de críticas, eu as adoro!! Paz e Luz

Enrico Vizzini
Enviado por Enrico Vizzini em 29/04/2008
Código do texto: T967542