Sobre todas as coisas

Primeiramente, permiti-me emprestar o título da linda canção de Chico Buarque e Edu Lobo porque este texto nada mais é do que divagações muitas vezes desconexas, talvez até incoerentes, sobre todas as coisas. Não classifico como "Ensaio", mas como "Pensamento", pois não tenho a mínima pretensão de escrever um texto com características acadêmicas, visto que não é puramente analítico ou isento de emoções.

Durante toda a nossa vida, somos educados segundo modelos criados pelo próprio homem. Por exemplo, o modelo atômico, a fórmulas matemáticas, as equações da biologia, os estudos psicológicos. Tudo o que estudamos são modelos. Não conseguimos estudar a coisa em si, ou compreender a coisa em si, pois seu funcionamento não pertence ao nosso "universo". Parece complicado, mas a idéia é relativamente simples.

Ao estudarmos uma divisão celular, por exemplo, estudamos que a célula passa por um período de intensa atividade metabólica, para depois entrar em um período de prófase, metáfase, anáfase e telófase, e assim sucessivamente. Que todos os nomes possuem mero caráter didático/acadêmico, é óbvio. Mas o que às vezes nos foge à mente é o fato de que o próprio intervalo, a própria atividade metabólica e todo o resto são coisas que nós inventamos. Tudo o que nomeamos são coisas que acontecem independentemente do nosso conhecimento ou não sobre elas. O que chamamos de 'metabolismo' ou 'atividade metabólica' são apenas símbolos representantes de um signo, que não podemos assimilar na forma 'pura', por assim dizer. Precisamos de um mediador (símbolo), e isso a sociologia da comunicação já fala há um bom tempo.

Assim sendo, toda a nossa ciência é construída a partir destes "símbolos", que podem estar todos errados (vistos que foram obtidos empiricamente, e o empírico é variável e passível de erro). E é engraçado como somos todos modelados pela ciência, e muitas vezes apresentamos repulsão às explicações não científicas, como as mais diversas religiões e crenças como os jinns e outros do tipo.

A ciência é repleta de dogmas. Falar que 2+1 é 4 é um absurdo. Mas na natureza não existe 2, 1 ou 4. Números são invenções nossas. Se você vir: homem e mulher de mãos dadas na rua, o que pensa? "UM homem e UMA mulher", ou até "DUAS pessoas". É esse o ponto. UM, UMA ou DUAS, estes números tão naturais para nós, não são naturalmente naturais (perdão pela repetição). Se você vir cinco melancias, o que está ali de fato é: melancia, melancia, melancia, melancia e melancia. Agrupá-las sob um mesmo símbolo (5) é tão natural para nós porque existem certas características em todas estas melancias que permitem que sejam classificadas como semelhantes. Mas cada uma (olhe, cada 'uma') é única.

Outro exemplo típico é a origem da vida e a evolução das espécies. Como pode ser natural um ornitorrinco estar no mesmo grupo de um elefante? Porém, instintivamente, aqueles que tiveram oportunidade de estudar biologia uma vez na vida crêem que estes são 'parentes' mais próximos que um ornitorrinco e um pato. Ora, ambos têm bico semelhante, ambos botam ovos, ambos têm patas com membranas entre os dedos. Mas mais uma vez, o modelo adotado (e o referencial) insistem em dizer que o ornitorrinco é parente do elefante, e não do pato.

Enfim... são divagações, e eu poderia ficar horas escrevendo. Mas fica para uma próxima vez.

Thiago Zanetti
Enviado por Thiago Zanetti em 12/01/2006
Código do texto: T98060
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