Ensaios do Lerismo

Chego abro a mala e espalho na mesa o dia

Recolho, escolho, brinco e me largo com tudo o que eu via

Mordo e aperto aqueles sons e gestos,

Cheiro e belisco aquelas cores e versos,

Tateio o intangível com os meus sentimentos mais febris

E caminho para longe dali...

Porque sei onde mora a conquista, e as ilusões eu as deixo partir

Mergulho e respiro... respiro

e como é bom...

Re-crio e suspiro... suspiros

E com razão...

Salivando de prazer, com o presente que me foi dado

Provoco um vento assustado, me sangro e retorno a encher

E nos pulmões levo somente o nada

E no olhar levo somente o brilho

Porque no caminho não se leva mais

Misturo-me com o fora,

Confundo comigo mesmo

Desisto e dificulto só para ampliar o salto

Sorrio e mudo o mundo

Uma brincadeira de criança,

Um esfarrapado colar

Que em um momento se quebra

No outro nunca houve lá.

E nos detalhes da vida eu moldo meu Ser...

E nos pontinhos e vírgulas

Descubro o viver...