Quando o vaso quebra...



O que fazer diante da escuridão, se a luz não quer iluminar a mórbida ignorância que atravessa a alma de quem é juiz dos outros, menos de si mesmo?
Mas a neblina que cobre os olhos que podem ver, mas não enxergam, é a mesma que esconde o Sol em dias frios, cujo vento gelado umedece a pele, tornando-a carente do agasalho e junto à solidão que enfraquece e se dispõe a romper com laços de magnitude e desejos infindos entrelaçados nos pensamentos de quem deseja esculpir, ardentemente, com as próprias mãos, o destino incerto que a divinatória esperança, aposta, chegará jubiloso e forte, desfazendo-se daquelas noites insones que serão esmagadas pelos sonhos alegres que tornar-se-ão realidade triunfante...
Os sonhos não mais serão aqueles que transformavam abóboras em carruagens... Serão, seguramente, sinônimos dos anseios que ecoarão na natureza e esta fará com que a fumaça se dissipe; A nebulosa dê lugar ao límpido céu azul, em que nuvens carregadas e escuras serão arrastadas para o mar até que se dissolvam...
Relâmpagos mágicos clarearão o céu dos desesperançosos, informando que a vida é grande, bela, soberana e única, apesar de desvairada, incontrolável a maioria do tempo, e solta com sua energia totalmente capaz de transcender, de esquentar os lúgubres corações, mas excessivamente incapaz de trazer à razão, para quem desconhece, que quando um vaso se quebra, mesmo que seus cacos sejam colados um a um, as marcas da quebradura permanecerão, ainda que camufladas pela arte da vida, e serão as responsáveis pelo desgaste que fará com que o conteúdo vaze.
Cacos podem ser colados e vasos restaurados, mas a alma continuará despedaçada, já que o que é etéreo nunca poderá ser remendado.

“Um sentimento profundo e valoroso, daqueles fortes que só acontecem uma vez na vida, está fadado à destruição quando à sombra de sua amplitude existir um ser ignorante para amar”.