Ave Maria do Carreiro
As seis horas da tarde,
Quando o sino batia
Chamando pra oração
Na sagrada Ave Maria
O carreiro limpando o suor do rosto
Tirou da cabeça o chapéu
Caindo de joelho em terra
Orou pra Virgem, Mãe do Céu
- Mãezinha querida
Proteja os filhos meus
Dê a eles o carinho
Que sempre reclamei a Deus
- Nessa vida minha Rainha
Nunca tive facilidade
Só às custas de muito sacrifício
Que cheguei nessa idade
- Pra num vê os meninos sofrendo
Mandei eles pra cidade
Do lombo dessa tropa
É que eu tiro a faculdade
- Mas tenho tanta descrença
Dessa vida moderna na cidade
Onde não cabe mais o respeito
Nem existe lealdade
- Tanta coisa me entristece
E me deixa comovido
É filho abandonando pai
É mulher largando marido
- É homem sem vergonha
Deixando o serviço de lado
Agarrando na bebida
Vivendo às custas do fiado
- Moça nova se perdendo
Por troca de um tostão
Pai de família mendigando
Por falta de profissão
- Os políticos se corrompendo
Oh! Mãe Celeste tenha compaixão
Enriquecendo às custas
Do suor do cidadão
- Tenho medo que os meninos
Vendo tanta podridão
Se percam pela vida
Por isso imploro sua benção