Meu Santo Antônio

Faz pr’esse caboclo, um concerto de amor

Meu Santo Antônio, protetor dessa freguesia

Livre-me das moças santa, das casadeira e das devotas do sinhô

Meu são Tonico casadô, me faz favô pr’esse fio seu

De muié bendita, basta a mãe, a tia e a vó, gosto de minina faceira

É mais assim do jeito meu

As que quando fala, sintoniza os anjo lá do céu,

Que pega manso na mão da gente

E acaricia contente, da alma os calo cruel

Meu são Toniquin, o seu milagre num peço não

Por mais perfeita, essas moça casadera,

Pra mim num presta não

Aceito qualquer doçura, da roça ou da cidade,

Mesmo sendo assanhada feito donzela de quarenta,

Pois com o tempo a gente pega o jeito, basta estar na flor da idade

Aquelas de olhar morteiro é meu maior desejo,

Que engambela pai com prosa de missa,

E gosta de afago, e diz que beijo esquenta

Santo Antônio, sendo morena agradecido estou,

Se for loirinha, me derreto de amor,

Agora, se for cabritinha, de cabelo carapinha...

Meu santo, exigência não faço não

Não sendo devota sua, nem rezadeira, nem santinha

pra mim já tá muito bão

Livre-me, meu santo protetor, das minina de função,

Pois apaixona a gente, o dinheiro acaba, elas se vão,

Quero cabocla de paixão fremente, que dá a vida pela vida da gente

De todas as qualidades aceito sem senão, só peço que me livre

Das moça feia e das fia do patrão

Meu santinho pagá promessa faz parte do concerto,

Pois a prece agora feita, é contrato de bãos sujeitos

Sou poeta, dinheiro nenhum,

Reza de igreja, nunca aprendi,

Menino Jesus quebrô, devolvê posso não

Receba do padroeiro dos poeta e violeiro, São Gonçalo, seu irmão.

Túlio Reis
Enviado por Túlio Reis em 19/01/2006
Código do texto: T101057
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