SUOR, ÁGUA E PÃO
Nobres irmãos e amigos,
Escutai essa canção.
Andando por uma estrada,
Topei-me com um peão.
Ele sobre o seu cavalo,
Sob o sol e no areião.
Resplandecia-lhe a face,
Em seus lábios, a canção.
Suor mesclado de açúcar;
As cinzas cobrem o chão.
Os pés queimados da areia;
Mãos calejadas do chão.
Se no açude a água é escassa;
Carece, na mesa, o pão.
Não mingua em tão rude terra,
As forças da minha mão.
Um dia, mais, de labuta
Sob o sol. Eu sou peão.
Um carro de boi, à frente,
Em busca de água e pão.
Eu tenho a minha palhoça;
Na capela, a contrição;
Das minhas filhas, saudade;
Um sonho e uma paixão.
O sol se pondo mais lindo,
No traço do ribeirão.
No toldo céu, esperança.
Bom sinal. É plantação.
E eu sigo por longa estrada,
Nos lábios uma canção;
No alforge, a minha viola;
Por companheiro, o enxadão.
Moses Adam
Poá, Batuíra, 07.10.08