TRISTEZA DO JECA

O Jeca, em sua tapera de chão batido

Solitário, mastiga um nervo cozido

Contempla o horizonte com olhar perdido

E pensa, solitário e um pouco aturdido

No tempo que passa e no viver sofrido

Embrulha um pedaço de fumo em palha

Em silêncio, ora: Deus me valha!

Porque nos confins o que se espalha

É a miséria que o faz viver de migalha

E tudo o que possui não passa de tralha

Um dia, esse caboclo muito amou

A morena que partiu e o abandonou

Aquela mulata - olhos cor de safira

Tripudiou no sofrimento desse caipira

Doce e amarga descoberta da mentira

Agora, sozinho no fim do mundo

Ele pensa no amor profundo

Que o atingiu bem no fundo

Traidor coração vagabundo

Tornou esse homem - moribundo

O que lhe resta de dignidade

Não permite que sinta saudade

Daquela mulher maldita

De corpo torneado, belo bronzeado

Cabelo engomado com laço de fita

Onde andará essa parasita?

A desgraçada era bonita!

Certamente nos braços de outro

Que lhe ofereça dinheiro e ouro

Melhor do que o amor desse tolo...

Patrícia Rech
Enviado por Patrícia Rech em 06/05/2009
Reeditado em 13/05/2009
Código do texto: T1579837
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