Preparação para a festa matuta
                                                                                     Do E-livro Meu destino e eu

Muié é bicho tinhoso
Num dá prego sem istopa
Da carne véia faz sopa
Bota um troço brilhoso

Na boca e diz qui fica bunita
Si pega um metro de chita
Pensa logo num terreiro
Pra mostrá pro povo inteiro

O seu mais novo vistido.
Mais si a gente si veste
Cuma convém; a peste
Fica de ôio e o sintido

Aguça. Na festa inteira
Nos ôia cum discunfiança
Si a gente chama pra dança
Uma qarquer das parceiras

São os seus ôios que dança
Pode sê cumade dela
Pode sê até criança
Num dá uma piscadela

Pro mode vê nois dançá
Si a gente bota um camisa
Si um perfume botá
Aí qui a coisa pega. Alisa

O nariz e cheira pru mode
Guardá o cheiro qui é prá depois
Nos cheirá e ver si pode
Distigui cum que cheiro após

A festa a gente vortou. Cuma
Guardou, só Deus sabe,
os cheiros de todas muié e sabe
ou contô primeiro si com arguma

dancemos mais duma vez.
Ela qué sê sempri a primeira
Qué dançá a noite inteira
Mais num larga do nosso pé. Tarvez

Seja insigurança ou um diabo quarquer.
Mais cumpadre te assiguro:
bicho tinhoso é muié.