Retorno da festa matuta
                                                                                 Do E-livro Meu destino e eu



Após uma noite inteira
De forró e bem cansado
A gente qué uma isteira
A gente ai fica pelado

Pru mode nois discançá
Ela vem querê fazê osadia
Si isquece qui neste dia
A gente inda vai trabaiá.

Imagina meu cumpade
Depois de muitas lapadas
De muitas rudupiadas
Pur mais qui tenha vontade

Num dá mesmo pra infretá.
Agora vem o pió. A gente
Vai pru trabáio tem qui roçá
Sol a pino. E dispois contente

vorta prá podê almunçá
Cadê cumida qual nada
Ela ainda tá zangada.
Lá bem longe no quintá.



Ô muié cadê a cumida?!...
Gritemos e ela não dá uvido.
Muié assim eu cá duvido
Si merece, do caboco, tê guarida.

Vô di vorta pro trabáio de facho
Baixo e arretado. Paro num buteco
E tomo umas lapadas. E inté acho
Qui tô bem alimentado. O Deco,

Dono da venda, faz chalaça ri atoa
Tem a Miné qui é uma boa patroa
Num chacoalha, é só trabáio. Nada
Di festa ou passêio. Êta muié danada!...

Esta grevi de fome as vezes é só um dia
Mais já teve vez qui durou mais duma
Sumana. Sabe cumpade, si arguma
Coisa mi deixa arretado, mi arripia

É discubri qui muié, a minha,
É pió qui jararaca é qui nem bicho de pé.
Bicho tinhoso é muié!...