Um reguinho
Tenho rolinha tenho preá,
Tenho bode tenho novia
Feijão, batata e fubá
Mamão, jaca e melancia.
Queijo do reino e caviar
Eu busco nas cercanias.
Pra matar a fome minha
Para hoje e o dia novo
Pelo corococo da galinha
Eu já sei que tenho o ovo
Mistura para a farinha
Sal e leite pastoso.
Traíra, piaba e coró
Umbu, cajá e marreco
Nambu, pato e socó
Pão doce, sorda e tareco
Charuto, cigarro e Boró
E caninha lá no boteco.
Assim com tanta fartura
De nada posso reclamar
Para não furar o disco
Aos santos vou clamar
Me olhem lá das alturas
São lula e São Francisco.
Façam um reguinho de nada
Sem causar nenhuma vertigem
Sem fazer nenhuma escada
Sem mexer em suas origens
Me dêem esta ajudada
Em nome de Deus e da virgem.
Santo Antônio da Bahia
São SEVERINO do Ramo
Já está fora da sua bacia
Onde não pasta mais seu gamo
Use da democracia
E diga pro outros...Vamos!
Vamos logo seu Calheiro
Nos contrários dê um tiro
Faça logo esse bueiro
Com as armas de seu Siro
Não ligue para os mineiros
Pois eles já tem retiro.
Vamos dá um bom exemplo
Ai para sul maravilha,
Quatro meses sem chuva.
Fecha-se a porta do templo,
No depósito não tem ervilha
E tão pouco suco de uva.
Enquanto aqui no Brasil
Do bruto homem sem luva
O xiquexique cheio de espinhon
Num quente céu de anil
Depois de dois anos sem chuva
Não cai e é verdinho.
Diferenças que se somadas
A boa vontade dos homens
Formará uma bela nédia
Sem ser cedo e nem tardio
Obedeçam a carta régia
E façam um rego no RIO.
Não venham com a desculpa
Que outras intenções embute
De cafajestes, pelêgos
Procurando em quem por culpa
Tenham cuidado no chute
Nos montes que margeiam o rego.
Este rego é o fedorento
O dito que estais pensando
Não dá mais pra agüentar
Olhar para um rio tão lento
Mansamente escorrendo
E se perdendo no mar.
04/03/2005