A Criação (parte 2
Quando Enoque nasceu
As cidades não existiam
Mas quando ele cresceu
Foi rei das que fediam.
Cidade por Caim construída
Cujo nome o do filho deu
Era muito bem constituída
Mas de onde o povo veio?
Fedidos ou fedorentos
De onde eles brotaram?
Foram feitos de ventos?
Mistérios que não contaram.
Seus netos não davam onze
Mais todos tinha seu fado
Uns trabalhavam o bronze
E outros criavam gado.
E tinha o tocador de flauta
Artista por natureza.
Mais vamos mudar de pauta
E falar da realeza.
Para substituir um filho
Nada melhor do que oito
Adão não viu empecilho
Foi logo entrado em coito
Dos oito nasceram Sete
E sete nomes desconhecidos
Dos quais tinha um valete
Em troca do falecido.
Enos de Adão era neto
E filho do substituto
Burra lage de concreto
Não renovou os estatutos.
Depois veio o Cainã
Maalael e o outro Enoque
Todos comedores de romã
E só morreram de choque
Tanto tempo eles viviam
Na plantação de café
Que a boca calada diziam
Ta difícil de gerar Noé.
Em fim nasceu Lameque
Um homem de muita fé
Pai de um filho moleque
E avô de: Sem, Cam e Jafé
No mundo havia gigantes
Que não eram filhos seus
Vinham de terras distantes
Origem que não era de Deus.
Homens fortes e musculosos
Mulheres de grandes peitos
Guerreiros miraculosos
Donzelas com muito jeito.
A troca, troca foi inevitável.
Desvantagem para o estrangeiro
Pois só sua filha era viável
A ser mãe dos meus herdeiros.
Os filhos não eram machos
Pois isto não foram citados.
E com a caneta dos despachos
Da reprodução foram riscados.
Não podiam ter direito
A uma filha dos de Deus.
Mas as suas sem defeitos.
Saíram dos domínios seus.
Coabitaram com os merecidos,
E tiveram muitos rebentos
Fêmeas e machos parecidos
Com burros, cavalos, jumentos.
Causando um arrependimento
Ao criador dos afilhados
Sob o julgo do seu julgamento
Quis matar todos afogados.
Mais a Noé pediu conselhos
Um homem de visão parca
Com o cérebro sem cabelos
Disse, vamos fazer uma barca.
Não deixarei o senhor perder
Seis dias de tanto trabalho
Do mundo todo vou trazer
Um par de vidas e agasalho.
Mas Deus ficou sorrindo
Dizendo que absurdo!
Um homem construindo
Um lugar que caiba tudo.
Trarei de avião ou de frande
Direto ou fazendo atalho.
E o que for muito grande
Trago a maleta e o orvalho.
Eu vou ficar só olhando
Todo o vosso trabalho.
Pitaco não ficarei dando
Senão eu atrapalho.
Obrigado meu Rei Senhor
Hospede-se na minha casa
Para aprovar o motor
Que irei buscar na NASA.
Agradeço o seu convite
Mais agora vou dormir
Já disse não vou dá palpite
Comesse logo a construir.
Noé fez um esboço
No chão mesmo riscado
Suou tanto no esforço.
Que já inundou um bocado.
E pediu preste atenção
Antes da sua partida
No tamanho da construção
E aprove suas medidas.
Sete léguas será o tamanho
Com três andares de largura
E para todos tomarem banho
Farei um buraco na cobertura.
Você esqueceu a altura
Mas mesmo assim eu aprovo
Escreva logo nas escrituras
Ai no chão eu reprovo.
Assinado foi o contrato
Sem prazo para terminar
Mas Noé era homem de trato
Com dois dias foi entregar.
Agora junte os bichos
De cada um traga um par
Não vá fazer capricho
Cada quá é cada quá.
Os fiz de espécie definidas
Não as queira misturar.
Faça jaulas divididas
Para a tinta não mesclar.
Aqueles que estavam perto
Foram os últimos a entrar
Camelo pegou no deserto
Mas o do Brasil foi de lascar
Além da grande distância
Do país continental
Perdeu tempo e substância.
Procurando a vaca do carnaval.
Se tiver o boi tem a vaca.
Do nada ele não nasceu
Nisso quase Noé se lasca.
De tanto tempo que perdeu.
A pintada ficou parda
E quem tinha disse, nego
Índio nasceu com sarda.
E o macaco bateu prego.
Foi uma trabalheira danada
Quando ele pegava um animal
O outro já era uma macacada
Bisnetos do primeiro casal.
Mais ele já tinha feito planos
Honestamente bem cínico.
Excedentes jogarei nos oceanos.
Atlântico, Vermelho e Índico.
Depois de seiscentos anos
Em um céu de brigadeiro
A barca encheu sem dano
Para chinês ou brasileiro.
O problema foi a devolução
Depois que as águas baixaram
Teve muita reclamação
Dos que pra casa voltaram.
O sapo ficou sem pescoço
Diferentemente da girafa
A banana ficou sem caroço
E a pulga lisa como garrafa.
E assim misturada às raças
Nenhuma delas escapou
Ainda têm procura na praça
Dos cús de quem trocou.
Continua: