A Criação (Parte 3)

Se não vejam os cachorros

Brancos vermelhos ou azuis

Na várzea grota ou morro

Vivem procurando os Cús.

Os patos, coitados dos patos.

Não têm nada definido

Sem ser jumento nem rato

Tem o pirú escondido

Mas Noé fez seu trabalho

Do jeito que o Senhor queria

Misturou as cartas do baralho

Enquanto o coringa escondia.

Com a arca repovoou a terra

De gente, animais e socó.

Todos da mesma eram

Terra de uma língua só.

Quando saiu da arca

Para Deus fez um altar

Para nele queimar carcaças

Prometendo não mais errar

As vítimas não eram deles.

Mais da aliança a permanência

Não importando daqueles.

Cobertos de inocência.

Novo contrato foi feito

Olho no olho, íris na íris.

Dilúvio não tem mais jeito

Antes dele um arco-íris.

Mas Noé plantando uvas

Fez vinho e se embriagou

Na tenda comeu viúvas

Até que um filho flagrou.

Mais mesmo embriagado

E com mentalidade anã

Fez do filho amaldiçoado

E toda terra de Canaã.

Mas ele estava fadado

A ser gerente de motel

Destino concluído, acabado.

Na famosa torre de Babel.

Quando os homens ousados

Quiseram usar a ousadia

De repente foram castrados

Por uma voz que dizia.

Proibido, isto tem preço.

E quem paga é cada um.

Suas línguas não reconheço.

E tudo voltou ao jerimum.

Noé já tinha morrido

Se foi pro céu eu não sei.

E quem escreveu o ocorrido

Com certeza foi um "Rei".

Guardando do povo a história

E de Deus a geometria

Garantindo jerimuns na memória

Até os tempos de Maria.

De Sem vem os descendentes

Como o patriarca Abrão

Pai de muitos crentes.

E herdeiro de uma nação

Como de ídolos era seu pai

Um tremendo adorador

Abrão pegue a família e vai

Para outra terra, diz o Senhor.

Antes de Canaã te mostrarei

O lugar de construir um hotel

Será num vale digno de um rei

Entre as montanhas e Betel.

Nos fundos uma churrasqueira

Leve com você meu amigo Ló

Para nas horas das bebedeiras.

Agente nunca beber só.

Apesar de toda obediência

Ao deus que não tinha nome

Naquele altar por Imprudência

Quase morriam de fome.

Sara tinha muita formosura.

E com autoridade no grito

Vamos embora dessas agruras

E procurar macho no Egito.

Só diga que é meu marido

Muito após nós enricar,

Com muitos bens adquiridos

Ou eu mando te matar.

Abrão foi bem tratado

Pelo Egito e pelo rei

Com pouco já tinha ganhado

Camelos, escravos e rês.

Mas o Faraó descobriu

O tamanho da safadeza

E Abrão com a família fugiu

Levando ouro e riqueza.

Voltou para o esconderijo

Aquele da churrasqueira

Onde Ló disse agora eu dirijo

Para evitar outras besteiras.

Os rebanhos eram separados

Mais os pastos da mesma terra

E disputa por resultado

Ia terminar numa guerra

Nós somos parentes chegados

Não é bom que fiquemos brigando.

As bandas do Jordão será teu lado

Pega os teus e vai andando.

Com esta ordem do patriarca

Que apesar de tudo era seu tio

Mesmo abrindo a matraca

De Canaã Ló partiu.

E pelos vales do Jordão

Nunca parando em redomas

Foi comendo terra e chão

Até cegar em Sodoma.

Abrão Sem ter Ló no caminho

Olhando para os lados e as alturas

Tudo que vejo será meu ninho

E passou logo a escritura.

Começou ao terreno demarcar

Queria chegar aqui no Lebrom

Partiria depois de edificar

Outra churrasqueira em Hebron.

Não veio por acontecimentos

Alheios ao seu mandado

Foi Ló sem merecimento

Por outro rei aprisionado.

E com pouco mais de trezentos

Cangaceiros e capitão do mato

Venceu sem grande sofrimento

A guerra dos cinco contra quatro.

Nos despojos chegou de Salém

Um representante do altíssimo

De cada dez um não é de ninguém

E cobrou o primeiro dízimo.

Melquisedeque e a sua origem

Desapareceu como fumaça.

Uma singular vertigem

De sabedoria e trapaça.

Abraão Como foi dito

Dono de uma terra imensa

Achava-se agora maldito.

Velho sem descendência.

Isto só podia ser praga

Não Ter encontrado a Agar.

Ou acha-la mas sem viágra

Não poder aproveitar.

A Sara muito irritada

Mandou-o pobre viajar

Vá cuidar das sagradas

Deixe aqui eu me virar.

Depois culpou a escrava

Dando-lhe espinho e fel

Enquanto ela jurava

Não ser mãe de Ismael.

Mas o buraco já tava feito

Naquela tenda de caqui.

Daí não teve jeito.

Por ele passou Isaque.

Ai repete a estória.

Aquela lá do Egito,

Será minha memória

Ou é mesmo esquisito?

Fim