VORTA, TREM!
Tu vê lá longe um quilaro,
bem no matim do baxio?
De péis junto, apois, declaro:
foi dos trem estrada e trio.
Pelo qui atino e não erro,
rodavam trem de verdade
naqueles trio de ferro,
invenção lá das cidade.
Trem, no sertão, foi sucesso.
Vei gonverno sem quilate,
talvez por num ter Congresso,
e antão pintou o disparate.
Os trem tudo foi s’imbora,
e onde corriam os trio,
inté os dormente chora
na solidão dos vazio.
O trem levava riqueza,
infiado no Nordeste,
mas porém, já, com certeza,
sobra poquim no Sudeste.
Pôr fim no tão bão transporte,
que levava mó* de gente,
foi coisa burra, de morte,
por falta de presidente.
Nos vagão da ferrovia
é que os povão fez pogresso,
e emigrava ecolomia
– ninguém ver é retrocesso.
Um crime dar fim nos trem,
crime de lesa-burrice,
e, se camiões não tem,
navios é até doidice.
Vorta, trem, vorta pro povo!
Rico avoa de avião,
e atamove é luxo novo,
num dá pra inleitor bobão.
Fort., 19/11/2009.
(*) S. fem. Grande quantidade.