COMO O DEMÔNIO INVENTOU O SERROTE
O nosso bão SÃO José,
Que viveu em Nazaré.
Era tombem marcinêro;
Ficava em sua oficina,
Carregando sua sai,
No trabáio, o dia intero.
Um dia, veio o Capeta
E ispiando pelas greta,
Quis o Santinho tentá;
Cum paciênça, isperô
Que o Pai de Nosso Sinhô,
Fosse um poço discansá.
E aquela Peste Danada,
Pegando a faca amolada,
Feiz nela mais de cem dente!
São José, desta manêra,
Ao usála na madêra,
Ficô todo sorridente.
A faca cortava mais,
Pra raiva de Satanaiz,
Que danô a pragueja!
E, mais tarde, o Demo ataca,
E bota os dente da façam
Um pra cá, ôtro pra lá...
São José vorta a oficina
Pegando a faca, a ixamina
E a exprimenta, novamente,
E sente que a faca torta,
Aquelas madêra corta,
Munto mais rapidamente.
O Diabo então desiste
E se afasta, munto triste,
Dando mais de mil pinote!
A história vem nos dizê,
Que o Demo, ansim sem querê
Foi o inventô do serrote!
É prurisso que se diz
Que, com Deus se tá feliz,
Num pércisa se assusta!
Quando tudo tá perdido,
Nosso Pai, mesmo iscondido,
Logo vem nos ajudá...