ESTRADA DE UM CAIPIRA

 

Por todas as estradas, que meus passos percorreram
Também senti os espinhos, como qualquer caminheiro
Eu sou roceiro que canta, as mágoas de uma paixão
Minha enxada, só recebe, os baques do coração

Prá você me entender, não vou falar com despeito
O destino trouxe aquela, que me faltou com respeito
Mesmo eu, justo e bom, trago o peito machucado
Sufôco de estar sozinho, já tendo sido casado

Nas "porteira" eu pus tramelas, prá não escapulir o gado
Na tapera pus janelas, pr'ela ver o meu roçado
De chifrada fui ferido, não cheguei a adoecer
O boi fugiu, foi prá longe, não precisei de sofrer!

Minha viola sem corda, não fez falta, não Senhor!
A picada que levei, da cobra que me picou
Até o cachorro que morreu, pisado lá no curral
Fez falta, eu sei que sim, mas não me fez tanto mal

Mas uma coisa vou dizer, da estrada do coração
Invadir terreiro alheio, roubando feito ladrão
Levando a mulher da gente, como se não fosse minha
Foi o mesmo que levar, do poleiro uma galinha!!!

Tive "inté" que recorrer, à ajuda "espirituá"
Prá mode vê, se Deus pode, essa dor se "assossegá"
Pois quando vejo a cabocla, na estrada ali faceira
Meus "óio" enche de água, feito queda em ribanceira
Me revejo sob o sol, arando já esgotado
E a covarde ocultando, o peste de um tal Ronaldo

Esperei ela por meses, feito louco e alucinado
Me esqueci "inté" que tinha, meu gado e meu roçado
Mas "vortô" arrependida, não pude me "controlá"
- Vá tomar banho na soda, prá "ocê" se "alimpá"
Vá vê se tô na estrada, na curva de algum trieiro
Vá "procurá" seu caminho, na estrada do mundo inteiro
"Ocê" pensa que eu "dô farta de ocê no coração"???
"Ruma" as "mala" pro inferno, o céu não te dô mais não!!!...
Graciley Vieira Alves
Enviado por Graciley Vieira Alves em 20/04/2010
Reeditado em 28/09/2013
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