A sordadi.

Quondo pirdi minha amada

Vêi uma sordadi, danada

Uma dô daquelas marvada

Que num qué mais mim dexá.

Vevi mim fazeno zuêra,

Cuma dia di grande fêra,

E num tem um cabra qui quêra,

Pur u’a dô dessas, passá.

E logo que ela se foi.

Os porco, os bode e os boi,

Se inxêro de água nos ôi,

E cumeçaro logo chorá.

Imagina eu sem Maria,

Nunca briguemo um só dia,

E de tudo pra mim fazia,

Seno o mio, mim amá.

Minha vida se acabou,

Num sei se fico, se vô,

Só sei qui o jeito qui tô,

Num tarda a mim matá.

Mais é mió isso mermo,

Qui vivê aqui nesse êrmo,

Cuma um bicho sem têrmo,

Qui a dô só faz martratá.

Essa dô qui to sintino,

Num é caso do distino,

Mas do bicho malino,

Que só sabe fazê má.

Levô o meu coração,

Muntada num alazão,

Chei de pose e razão,

Pra nunca mais retorná.

Lannes Almeida.

Lannes Almeida
Enviado por Lannes Almeida em 07/02/2011
Código do texto: T2776554
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