Aos versos e reversos

Plantei o bem-te-amo,

perto do bem-te-amei,

amei enquanto pude,

quando não pude, eu deixei.

Plantei meu alecrim,

na manjarra do engenho,

e se o alecrim "pegar",

meu amor pega também.

Papagaio perdeu a pena,

na lavoura de café,

e também perdi o tempo,

de amar quem não me quer.

Açucena quando nasce,

toma conta do jardim,

e também to a procura,

de quem toma conta de mim.

Andorinha do coqueiro,

dá-me novas de meu bem,

se está morto ou se está vivo,

ou se está nos braços de alguém.

Lá no alto daquela serra,

passa boi, passa boi boiada,

também a moreninha,

de cabelos cacheados.

Alecrim verde, ele cheira,

ele seco, cheira mais,

o amor que me viu hoje,

amanhã não me vê mais.

Alecrim na beira d'água,

manjerona no canteiro,

nunca vi mulher casada,

namorar homem solteiro.

Se eu contigo tenho amor,

não é da conta de ninguém,

quanto mais o povo fala,

mais amor contigo tenho.

Cravo roxo protetor,

capitão de toda flor,

todo mundo tem inveja,

eu contigo tenho amor.

Vou embora lá pro Norte,

e vou plantar café "marelo",

se não for pra eu casar,

namorar também não quero!

Alecrim arruda arruda,

arruda não dá semente,

o que é que vale ter amor,

longe da vista da gente.

(Fiz esses versos com ajuda de minha mãe. Segundo ela, cantavam-se esses versos em meio às danças regionais, em bailes na juventude dela. Sempre dançando e outros repetindo, como uma "provocação" boa uns com outros. Não sei como se classifica, mas coloquei Poesias Regionais Caipira.)

Daniel Cezário
Enviado por Daniel Cezário em 01/06/2012
Reeditado em 01/06/2012
Código do texto: T3700328
Classificação de conteúdo: seguro