História de todo dia

Dispois daquele dia

Repetia, repetia

para mim merma acreditá:

Canalha, canalha! Vadia, vadia!

A vadia era eu,

O canalha era tu

Coração destroçado

Tentando achar culpados

E ele era tu, era tu.

Coitada! Enganada

Mais de uma vez.

Estupidez! Era evidente:

Sendo tu indecente

e eu, inexperiente

Bem feito!

Agora, agüente!

Dizer não sabia,

Não podia,

Não dava jeito.

Se cada vez

qu'eu mais queria

vortá pro teu peito.

Safada era eu

Coitado era tu

se dei, era meu

Só queria cum tu.

N'era bonito não,

Mais era gostoso demais

Drumi contigo abraçada

Sentindo 'ocê por detrás.

Se foi reza num sei não

Quebranto, ungüento,

castigo, promessa de santo,

juramento.

O fato é que não tem dia

que eu de ti não tenha pensamento:

reiva, sodade, rêssintimento.

Se a morte fosse valia

Pedia sem 'rependimento:

nóis dois fazendo ousadia

toda as zora do dia,

do arvorecé inté mei-dia,

era meu testamento.

Arsenia Rodrigues
Enviado por Arsenia Rodrigues em 09/02/2007
Reeditado em 26/06/2008
Código do texto: T374552
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