História de todo dia
Dispois daquele dia
Repetia, repetia
para mim merma acreditá:
Canalha, canalha! Vadia, vadia!
A vadia era eu,
O canalha era tu
Coração destroçado
Tentando achar culpados
E ele era tu, era tu.
Coitada! Enganada
Mais de uma vez.
Estupidez! Era evidente:
Sendo tu indecente
e eu, inexperiente
Bem feito!
Agora, agüente!
Dizer não sabia,
Não podia,
Não dava jeito.
Se cada vez
qu'eu mais queria
vortá pro teu peito.
Safada era eu
Coitado era tu
se dei, era meu
Só queria cum tu.
N'era bonito não,
Mais era gostoso demais
Drumi contigo abraçada
Sentindo 'ocê por detrás.
Se foi reza num sei não
Quebranto, ungüento,
castigo, promessa de santo,
juramento.
O fato é que não tem dia
que eu de ti não tenha pensamento:
reiva, sodade, rêssintimento.
Se a morte fosse valia
Pedia sem 'rependimento:
nóis dois fazendo ousadia
toda as zora do dia,
do arvorecé inté mei-dia,
era meu testamento.