Meu olhar sertanejo

Eu não gosto de cercas

Nessas terras sertanejas

Elas dividem os irmãos

Atrapalham a beleza

Que Deus tanto caprichou

Na infinita grandeza

Cercas que prendem animais

De aço, arame farpado

Machucam, espetam pessoas

Dividem o solo sagrado

Que só pertence a Deus

E foi por Ele criado

No sertão, o que eu gosto

É de água no barreiro

O gado mugindo alegre

A galinha no terreiro

A chuva molhando a roça

E o ofício do vaqueiro

As estrelas toda noite

A noite mais linda do mundo

O carro de boi estradeiro

O vaga-lume, num segundo

Liberando a sua luz

Clareando o seu mundo

Pra ser sertão tem que ter

Uma viola bem afinada

Nas mãos de um poeta

Versos, rimas, pelejadas

Sob a luz de uma fogueira

No terreiro da morada

Nesse mundo sertanejo

Tem as morenas mimosas

Tem o mel de uruçu

Tem caju, planta frondosa

E também mandacaru

Da fruta doce e cremosa

Tem aurora mais bonita

E o pôr do sol também

O canto da passarada

Que se ouve muito além

Tem reza, benditos, Marias

Como nenhum outro lugar tem

Tem o canto mais bonito

De Luiz, o Gonzagão

Os romeiros mais fiéis

Do Padim Ciço Romão

O sertanejo é valente

Igual Virgulino, Lampião

Peço a Deus todos os dias

Força, fé e proteção

Coragem, saúde e paz

Justiça, amor e união

Pra todos os sertanejos

Cada amigo, um irmão!

Viva o sertanejo, viva o sertão Nordestino

José Urbano

15/02/20