ELEGIA
É amigo,
A vida é mesmo assim...
Hoje eu choro,
Amanhã tu chorarás...
Alguém chora - nós choramos...
É muito fácil sorrir...
Difícil é contornar o choro...
O sofrer é doloroso - amarga como fel.
E todos nós choramos a dor e a saudade,
Onde o vazio reflete a falta de alguém que tanto e quanto amamos...
Que inesperadamente se foi - partiu inexplicavelmente...
Sabes de uma coisa amigo,
Entre ter e perder...
É melhor não possuir...
Já pensaste em tua própria vida?
As vidas que amamos tanto?...
Antes não tivessemos pai, mãe, filhos, irmãos, amigos e vida...
Sabes de uma coisa, nem mesmo nós, - antes não existíssemos...
E sabes o porquê?
Porque não sentiríamos a dor da saudade e solidão...
Nós não acenaríamos o lenço negro da dor e saudade...
Aí amigo, tudo muda de cor...
Saber que vamos, para aonde, saber quem há de?...
A verdade é que não sabemos... tudo é uma questão de Fé...
E perguntamos: o processo da morte é doloroso, angustiante,
/torturante, sofrido?...
O mundo escurece?... e sentimos que estamos indo?...
Amigo,
O acalanto da morte deveras é desesperador...
O falso abraço é um golpe fatal
Sabemos que partimos...
De que forma explicar, jamais...
Apesar de nossa maneira egoística de pensar, amigo,
A Vida é uma dádiva Divina...
Tudo são teorias, teologias, Espiritismo, Fé!...
A morte amigo,
É tudo aquilo que há de mais estranho e fóbico
Entre o real e o imaginário.
Salvador, 30/05/1987.