Um Fruto e Seus Limites (para Ch)

Eis-me aqui, com você, sabendo.

Minha idade, experiência e até mesmo

os incontáveis microrganismos que habitam nossos corpos,

e que, eternamente, guerreiam entre si,

percebendo a clara linha que ali está,

bem a minha frente,

para lembrar,

sempre e a todo instante,

que a ela não posso transpor,

nem mesmo ousar qualquer coisa

capaz de sugerir algo assim.

Temos nos falado bastante,

isso tudo começou de mansinho e, agora,

os dias têm sido de uma gostosa expectativa,

e a cada frase trocada percebo uma afinidade maior,

uma vontade maior,

uma curiosidade,

um desejo.

Normais?

Sim.

Afinal, esse instrumento utilizado

se presta e muito às fantasias e aos devaneios,

assim como às expectativas dos mais remotos e secretos

desejos do coração.

Dezenas de vezes passei por isso.

Outras tantas, você.

Mas as estradas nunca são iguais,

há curvas por todos os lados,

sob todos os ângulos.

A gente olha para os lados,

se distrai,

e a paisagem nos brinda com árvores frondosas,

cuja imagem se imprime para sempre na nossa mente,

ou com secos arbustos

que, por se confundirem com o comum do cenário,

passam ao longo do caminho e se confundem com a própria paisagem.

Então, os passos, retos e firmes,

começam a se tornar levemente sinuosos e mais lentos.

De repente,

na primeira sombra,

atraídos pelo aconchego da paisagem,

pela brisa suave daquele ponto do caminho,

pelo som dos pássaros

e pelo barulho da cachoeira próxima,

nos sentimos convidados a sentar

no relvado aconchegante.

Ali, olhando para o céu e para a árvore que

nos abriga da luz solar,

contemplamos, lindo, maduro e convidativo, um fruto.

Ele está ao alcance da mão.

É só apanhar e comer.

Então, nesse momento, nos perguntamos:

Até onde vão os limites?

Mark Rebew
Enviado por Mark Rebew em 24/01/2012
Reeditado em 31/01/2012
Código do texto: T3458516
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