Lamento de Guerreiro

Lamento de Guerreiro

Tu chegaste a minha terra vindo de longe, longe nem sei de onde, aventureiro, sorrateiro. Ganhaste minha confiança, e minha casa com minha família te serviu.

Te fizeste meu amigo, eu te fiz meu amigo; na verdade, a bem da verdade, amigo meu nunca foste. Eu, sim, era teu amigo.

Tomaste minhas terras, e quiseste de mim a servidão. Escravo me querias ver. Teu escravo nunca fui. Foste, então, longe, sei lá onde, buscar outro pra ser teu cativo.

Sou guerreiro, amante da terra, filho da floresta, não nasci para escravo ser. Sou livre como pássaro. Rios, cascatas e cachoeiras são minhas estradas.

Fui para bem longe de ti.

A mãe Gaia, que a mim criou, tudo me da e nada me deixa faltar. Hoje, tanto tempo passado, quinhentos anos exatos, ainda vens, aventureiro e sorrateiro, o resto de minhas terras buscar.

Vai-te embora! O estrangeiro aqui és tu. Toda a terra que tens, roubaste de meus ancestrais. Deste um nome as minhas terras: a chamaste de Brasil.

A mim tu chamas de Índio; eu te chamo invasor.