Sentado a beira do carrinho

Bené, com seu boné,

segunda-feira, na feira,

sentado a beira do seu carrinho,

a serviço do feirante,

também um sobrevivente,

com um pouco mais de estudo,

mas não aquilo tudo

e isso em São Joaquim,

na Sete Portas,

mas em qualquer outra feira,

haverá outros tantos Benés,

com chapéus ou bonés,

cheios ainda de esperança,

mas já não é mais de vencer,

sentados a beira dos seus carrinhos,

na intenção de sobreviver.

O que sobra vai pra casa:

o mamão amassado,

o quiabo requebrado

e a couve, mas o que houve?

Por que não estudou?

Porque não quis

ou porque não pôde?

Parte dos tomates estão podres,

mas alguns ainda é possível aproveitar.

Pobre Bené,

mas ainda bem que ele é de uma geração,

em que os pobres ainda eram decentes.

Seus meninos têm lombrigas

e da feira vai o mastruz

e seus domingos ainda são de Jesus.

*Inspirado no clube Cabana do Bogary,

durante o aniversário do amigo Reis.