Geração grapette
Nascemos, crescemos e lutamos,
ensaiando e hoje ensinando os golpes,
para os que são da geração coca-cola,
porque somos vencedores,
de uma época em que os pais não protegiam tanto
e se o pai fosse carpinteiro, por exemplo,
desde cedo aprendíamos a lidar com o martelo.
Bons tempos aqueles em que não tínhamos tênis,
apenas chinelos.
Respeito a sabedoria dos mais velhos,
a bênção todos os dias
e a família reunida no café,
no almoço e no jantar
e o patriarca na cabeceira,
reverenciado e respeitado
e ai de quem o questionasse.
Poder demais, pode até parecer,
mas nós, vencedores daquela geração,
não podemos nos queixar.
Não é o meu caso e não acontece na minha casa,
mas literalmente, a casa caiu,
a família ruiu e a filha se prostituiu.
Nenhuma palmada foi em vão,
lá, bem no passado.
Agradeço cada castigo recebido,
pois só assim aprendi a seguir o meu umbigo,
aprendemos, vencemos
e ainda continuamos na luta,
aguardando ansiosamente
que essa nova geração
liberte enfim a geração grapette,
da TV, em preto e branco e a válvulas
e do tamanco de pau,
que quando dado nas nádegas,
aí sim, doía.