AÇOITES

Na calada noite

Vem os açoites

Dos encontros na senzala

Não tem agenda

Não tem nome

Nem quem prenda

O que some

Surgem malas

Que malas carregam

Cheias de desgraças

Geradas nas salas

Do inferno Jaburu

Rateados pelos vermes

Deixando pro povo o que se serve

Chacais e urubus

Tiram das crianças

Dos velhos e dos jovens

A última esperança

De uma vida digna

Joias então são adquiridas

Ferraris pros laranjas

O que sobra pro povo, são os ossos da canja

Chapados e sorridentes

A dança dos guardanapos

Celebram a nação podre e sem dentes

De um lado 12 anos

Do outro um suco do podre cano

Pra eles uma taça de Chandon

Para nós a ralé um dindim

O colarinho do velho sujo de batom

Da primeira manequim

Sobrando pro Zé das baleias

Do beco tupiniquim

O beijo travestido

Com gosto de jasmim

E o que restou da ceia

Só um gole no botequim.

Fred Coelho
Enviado por Fred Coelho em 02/07/2018
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