MEU SERTÃO
Saudade do meu sertão
Do cheiro da terra molhada
Do milho e do feijão
Do queijo de coalho e coalhada
Saudade da minha avó
Naquela casa tão só
Cuidando dos seus rebentos
E por mais que fossem os tormentos
Sempre ficava de pé
Saudades de minha infância
Onde não existia ganância
Só vida e muita fé
Saudade daquela serra
Onde a vista se encerra
Onde a lua nascia
Onde a onça se cria
E o viado cavalga
Como uma criatura que salta
Entre os ramos de sábia
Saudade daquele lugar
Onde um dia vivi
Do som da chuva na telha
Da vela do candeeiro em centelhas
Iluminando a noite
O sumbido do vento aos açoites
Varando a madrugada
O balançar da rede
Fazendo muita soada
Saudade da casa grande
Onde nossa família se expande
Onde a vida abundante
Se chega o tempo inteiro
Como se fosse um Juazeiro
Sombreando o universo
Não sabes da missa um terço.