Conto de anjos

Certo dia, um anjo do Senhor,

Obedecendo aos desígnios divinos,

Desceu à terra trazendo a dádiva do amor

Na forma de um humilde menininho.

Ele não poderia revelar sua natureza,

Pois sua missão era ser reconhecido

Por todos os que conservam a pureza

E são amáveis como os pequeninos.

Assim, o lindo anjo, em forma de criança,

Vagou pelas ruas de uma grande cidade.

Em todas as pessoas que via, sentia a esperança

De que alguém o acolhesse com carinho e amizade.

Vagou sempre sorridente, mas ninguém correspondia...

Ninguém, ao menos, lhe desejou um "Bom dia!"

No mundo de aparências, poucos conseguem notar

Um menino maltrapilho, sozinho a vagar...

E, do belo sorriso angelical,

Toda a alegria ficou desbotada...

Pela ausência do amor fraternal,

Quase toda aquela cidade era afetada...

Foi quando, de longe, o anjo avistou

Outra pobre criança que o cumprimentou.

Era uma menina tão magra, tão sofrida...

Estava a catar, no lixo, alguns restos de comida.

"Oi, menininho! Também sentes fome, né!?

Não fica assim não, eu sei bem como é que é.

Olha, encontrei, dentro de um saco, metade deste pão.

É tudo o que tenho, mas te dou de coração.

É difícil a gente pedir algo a alguém hoje em dia.

Pensam que a gente quer é droga em vez de simples comida.

Já trabalhei nos cruzamentos, limpando vidros de carros;

Já vendi bombons nos sinais, mas não tive bons resultados.

Sempre me agrediam e levavam o que eu conseguia;

Eu era humilhada e passava fome quase todos os dias.

Fugi de casa para não ser maltratada por meu padrasto

E, de tanto sofrer, quase que me mato.

É nessa rua que eu vivo.

Tenho apenas Deus como meu amigo.

Ninguém nota a minha presença,

Mas muitos sentem alívio com a minha ausência.

Ainda bem que te encontrei, pinguinho de gente!

Só de te ver, fiquei alegre de repente...

Posso ser como uma irmã mais velha, uma protetora,

Vou cuidar de ti para que não sofras.

Agora, bem lentamente, come o teu pão,

Pois nunca sabemos quando será a próxima refeição.

Tudo o que tenho, eu vou compartilhar,

Para que a tristeza não apague o brilho do teu olhar"

Mal sabia aquela menina

De quem, realmente, se tratava.

Mas ela sentia a pureza e a alegria

Que o doce anjo emanava.

Assim, ela o levou consigo,

No intuito de procurar um abrigo.

Juntando alguns farrapos e pedaços de papelão,

Os dois dormiram abraçadinhos, em busca de proteção.

Na manhã seguinte, aquela menina despertou

E não viu mais o doce garotinho.

Desolada, muito e muito chorou,

Sentindo falta do amiguinho.

De repente, ela escuta um som familiar:

"Filha, volta para casa. Eu vim te buscar!"

Era a mãe que, dia e noite, ficou a procurar

Pela filha que, agora, estava a contemplar.

"Finalmente tenho trabalho e estou estudando, filha.

Não falta mais o pão em nossa mesa.

Eu quero que sejamos uma família

Unida nas alegrias ou nas tristezas"

A menina estava chorando de felicidade,

Era o sonho a se tornar realidade.

E, quando levantou-se para abraçar sua mãe,

Percebeu, perto de si, uma cesta com flores e muitos pães.

"Obrigada, mãe, pelos pães que trouxeste"

A menina disse bem contente.

" Não fui eu quem os trouxe. Por onde estiveste?"

Perguntou a mãe docemente.

"Já sei: foi o menino que encontrei a vagar.

Ele tinha pureza, amor e carinho em seu olhar...

Mais parecia um anjinho!

Sentirei falta daquele menininho".

Assim, mãe e filha voltaram ao seu lar

Para começar uma nova vida.

A menina voltou a acreditar

Na felicidade, há tempos esquecida.

Então, o anjo voltou ao céu, revestido de intensa luz.

Estava feliz por ter cumprido a sua missão

De levar o inefável e maravilhoso amor de Jesus

A cada pessoa, a cada ser, a cada coração.

(MCSCP)

Maria Cleide da Silva Cardoso Pereira (MCSCP)
Enviado por Maria Cleide da Silva Cardoso Pereira (MCSCP) em 20/06/2013
Reeditado em 20/06/2013
Código do texto: T4349804
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.