Questões não perguntadas

Não foi isso que eu perguntei.

Eu perguntei de sua solene.

Perguntei de sua cuidada,

não de sua sobrada.

Nem mesmo de sua notícia,

ou de seus arraiais eu perguntei.

Não foi nisso que eu o indaguei,

tampouco nas suas malditas.

- E quando as crianças não mais choram,

e quando suas mães não mais por elas oram? -

Não questionei sobre sua boneca,

suas idas e vindas, tuas trocas,

tuas alimentações e vomições.

Não é sobre isso, não foi isso,

então não quero saber.

Isso pouco importa, sua queixa de todo dia,

sua constância na inconstância.

- E quando o pão não é mais pedido,

e quando ele não é mais agradecido? -

Não estou aqui para mimá-lo,

nem para amamentá-lo.

Não estou aqui para regar mais sua sequidão.

Não. Chega, não foi isso que eu perguntei.

- E quando a voz não é mais ouvida,

e quando o novo não mais honra o velho? -

Dê-me sua mão.

Eu não pedi seus braços, seus pés,

eu pedi sua mão.

Não, eu não perguntei sobre sua língua,

nem sobre sua futilidade, sobre seus trocados vãos.

Eu pedi que me desse a mão, nada mais, nada menos.

Vamos, dê-me sua mão. Apenas dê-me a mão.

- E quando não são perguntadas tais questões,

e quando não se pergunta mais isso?

Essas coisas não são perguntadas, indagadas,

mas outras tantas sim. -

Não, não estou aqui para mimá-lo,

mas sim para amá-lo.

Cesare Turazzi, em tudo capacitado pelo Altíssimo.

[02/07/13]

Cesare Turazzi
Enviado por Cesare Turazzi em 02/07/2013
Código do texto: T4369121
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