Aos pés da cruz

Aos pés da cruz, em silencio chorava.

Virgem-mãe complacente de dor exaltada.

Na alma a espada que corta e amarga.

Na mente a lembrança do filho ecoava...

- Oh! Dor como esta existe no mundo?

Que maldade fizeram contigo, oh querido!

Na alma eu sinto teu corpo marcado,

Transpassa-me imenso pesar, oh amado!

O amor que lhe tenho se eterniza e conserva,

Sou mãe deste amor e também tua serva.

Deixe-me ir contigo, conforta-me o ser...

Carne da minha carne, firme amor verdadeiro,

É meu sangue que lava este santo madeiro.

Minha vida foi graça ao te conceber,

Meu sonho mais lindo foi ver-te crescer,

Embora entendendo aqui dentro do peito,

Sem ti, filho amado, como hei de viver?

No alto da cruz a paixão transbordava.

Deus em misericórdia a si mesmo entregava.

No corpo as chagas, salvação jorrava.

No peito o amor pela mãe que chorava...

- Oh! Dor como esta alguém já sentira?

Oh mulher querida, escada da glória,

Mesmo assim transpassada, não é tua hora.

Oh mãe piedosa, quanto amor lhe tenho!

Tu sabes que o pai deu-te a mim primeiro,

E a mim confiou este amor verdadeiro.

Teu ventre, tão puro, guardou-me onde andava,

Tua mão maternal me guiou pela estrada,

Mas eis que esta era a missão que eu tinha,

Oh mãe amada! Nunca estará sozinha.

Teu filho e rei se entregou no madeiro,

Mas confia-te eternamente, com amor, sem receio,

A ser também mãe amada deste mundo inteiro.

Victor Nogueira
Enviado por Victor Nogueira em 01/08/2016
Reeditado em 02/08/2016
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