Aos pés da cruz
Aos pés da cruz, em silencio chorava.
Virgem-mãe complacente de dor exaltada.
Na alma a espada que corta e amarga.
Na mente a lembrança do filho ecoava...
- Oh! Dor como esta existe no mundo?
Que maldade fizeram contigo, oh querido!
Na alma eu sinto teu corpo marcado,
Transpassa-me imenso pesar, oh amado!
O amor que lhe tenho se eterniza e conserva,
Sou mãe deste amor e também tua serva.
Deixe-me ir contigo, conforta-me o ser...
Carne da minha carne, firme amor verdadeiro,
É meu sangue que lava este santo madeiro.
Minha vida foi graça ao te conceber,
Meu sonho mais lindo foi ver-te crescer,
Embora entendendo aqui dentro do peito,
Sem ti, filho amado, como hei de viver?
No alto da cruz a paixão transbordava.
Deus em misericórdia a si mesmo entregava.
No corpo as chagas, salvação jorrava.
No peito o amor pela mãe que chorava...
- Oh! Dor como esta alguém já sentira?
Oh mulher querida, escada da glória,
Mesmo assim transpassada, não é tua hora.
Oh mãe piedosa, quanto amor lhe tenho!
Tu sabes que o pai deu-te a mim primeiro,
E a mim confiou este amor verdadeiro.
Teu ventre, tão puro, guardou-me onde andava,
Tua mão maternal me guiou pela estrada,
Mas eis que esta era a missão que eu tinha,
Oh mãe amada! Nunca estará sozinha.
Teu filho e rei se entregou no madeiro,
Mas confia-te eternamente, com amor, sem receio,
A ser também mãe amada deste mundo inteiro.