Oh, Deus!
Oh, Deus! Eu peço que me protejas
Do mar bravio que brame arcaico
Do languido olhar que me ensejas
Em que agora me expresse prosaico
Oh, Deus! Eu peço que tu me zeles
Do examino de ondas escumantes
Que penetram a minh'alma reles
E me vibram formas rutilantes
Do caminhado que aqui faço
Nesta praia que me dá medo
Mas que me reflete o cansaço
Na sombra do meu arremedo
Oh, Deus! Que quando em ti me guardas
Da mácula desse mundo errático
E do chão que me revela pedras
Faça-me cúmplice com teu cântico
Oh Deus! Que quando tu me sujeitas
Ao martírio dessa existência
Sejas a mim, prova que limitas
O profano que vende a aparência
Que me tentas ao que me tento
Expandir meus uivos atrozes
Que deflagram em meu tormento
Que derroca por dentro as luzes
Oh, Deus! Que ao volver-me à calçada
Não deixe a areia um néscio
Que a ti não roga, deidade amada
Que na vida é tornado um bazófio
Oh Deus! Que ao voltar-me são ao dia
Banhe-me de graças d'áurea sua
Que das palavras desta poesia
Toma-te a ti como verdade nua
Afastai-me os flertes mórbidos
Com as dores que me amofinam
Fazei-me de veras sortidos
Os dias que se avizinham