UM VIVA SIMPLES

Mil vezes sofrer que fingir saúde,

Se há quem ainda te ilude,

E você, assim, o faz,

Do que mais é capaz?

Eu demoro a me curar,

Procuro onde não achar,

E me satisfaço devagarinho,

Me perdendo sem caminho.

Que se vão essas pessoas,

Nada contra, elas são boas,

Mas assim sobra mais espaço,

Quem eu quero pedaço por pedaço.

Sem só osso, nem só traço,

Quero todo o abraço,

Que me puder dar em março,

Em abril, maio, não disfarço,

É triste se sentir escasso,

Sozinho, com cansaço,

E eu vivo disso bem,

Como eu sempre vivi, com ou sem.

Não terei outra hora adequada,

Para dizer a mim mesmo, eu,

Que a minha escolha tanto autuada,

Não, por pouco, se desenvolveu.

E eu vou de opinião em opinião,

Descendo os degraus da terra,

Com a dor no peito em vão,

Que não deveria sentir, quem pudera...

Então irei eu dormir lentamente,

Pegar no sono e amanhã esquecer,

Tornaria novamente a volver,

Meus olhos a quem amo secretamente:

Não, não é você, que rima tola:

É alguém que, não por dever,

Devo amar mesmo assim,

Não só por escolher a mim,

Quero amar a quem me deu a vida,

E sua história não passou batida!

Viva a eternidade, a Virgem Imaculada,

E Nosso Senhor, que cura a ferida!