Precariamente humano

Perdido no breu das docas

Entre mansões , malocas ,

Bibocas e bibiquês;

Sou o único que sabe que está vivo

E vivo pensando nisso.

No bailar da vida, bem ou mal vivida,

Sou homem, jovem, velho, mulher ou criança.

-Concede-me uma contra-dança?

Não sou apenas um animal de tetas,

Mas o elemento que doou a costela

E também a própria, dele ou dela.

Dizem que eu sou eu e que jacaré é um bicho;

Mas eu nem me licho com esse lixo.

Gosto de um bom caviar, mas, ao mesmo tempo,

Cavo xepas em outro lugar;

Imagem de Deus? Ha ha ha...

Sou o mal, muito mau e precariamente,

Porque o bem também está na minha semente;

Mato a cobra e não mostro o pau;

É que, vêz em quando, quando me recobro,

A cobra é o próprio pau.

Mato também a mata o mato, a terra, as águas...

Tudo por petróleo e ouro e, em paz, me recolho;

Sou um parasita suicida que adora a vida!

Enquanto figura da incompletude e incoerência,

Às vezes, crio o mito,

Outras, acredito na própria ciência.

Tô aqui... Matutando com meus botões:

Desde os áureos da infância que sou criança.

Posso até destruir o verde

Sem, contudo, perder a esperança.

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 02/07/2012
Reeditado em 02/07/2012
Código do texto: T3756366
Classificação de conteúdo: seguro