Cansaço

Languidamente o corpo lasso

Repousava sobre o leito

A opacidade do vulto

Mãos frias

Pele hirta

Olhos vidrados

Recendiam perfumes

De primaveras antigas

Ao longe o ciciar de um riso frouxo

Já perdido entre folhas secas

Serpenteavam cabelos opacos

Outrora acariciados

De brilho e fascinio

Amarelecido, o vestido amassado

Compunha o corpo magro

Dedos frágeis longos

Ressequidos pela falta de afago

Que já nâo dera

Os labios em vão carnudos

Desenhavam- se agora

Em uma linha fina e desbotada

Nao lembravam mais

Os beijos que um dia dera

O peito num ritmo moroso cadenciado

Perdera a capacidade de acelerar-se

O combustível essecial

Há tempos não se deparava

Nessas paragens

E o vulto empobrecido

Quase nulo

Imóvel

Nâo se via sinal de vida

Nem inquietude

O sopro abrasador

Há muito o abandonara

Fernanda Garoli
Enviado por Fernanda Garoli em 10/03/2015
Código do texto: T5164877
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