Relações Líquidas

A pele se rasga de dentro pra fora,

como se quisesse expelir seu próprio mal

Cada célula está corrompida e continua se envenenando

com a beleza jamais atingida.

Os olhos se viram pra trás, pois não conseguem mais enxergar

nada à sua frente.

Tampouco o outro que respira o mesmo ar que enchem teus pulmões.

Ah sim... o mesmo ar que enche os pulmões de todos os seres que dele necessitam.

Mas que falha! Todos precisam da mesma coisa!

Eu, você, ele... e nem um, nem outro, enxerga o outro.

A pele se solta, os olhos explodem. A vida do outro não existe.

E o veneno volta para nós mesmos.

O veneno do egoísmo, do egocentrismo.

Das relações tidas e das desejadas.

Da vontade de ter a vitrine e de ser uma outra exclusiva

Dos corpos que se vêm consumíveis e perecíveis

Ansiando desesperadamente possuir o outro,

para depois reciclá-lo como um monte de pele já usada.

Olhos que não vêm e pele que não toca.

Amargo é o gosto do sentimento não sentido e da falta

jamais preenchida.

Jaz você, o outro e eu. E ninguém tem mais ninguém.

Ninguém vive mais com alguém.

Se vive com embalagens pet.

Renan Sposito
Enviado por Renan Sposito em 24/06/2015
Código do texto: T5288567
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